Fall Of Olympus
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TRAMA
Quando o universo se formou, não passava de um globo disforme e vazio, não havia a separação entre os quatro elementos, tudo não passava de caos, um extenso poço de vácuo e escuridão. Então, as energias dissipadas pelo cosmo foram se aglomerando até criar uma diferente forma de poder, ainda que de difícil compreensão, chamado de Caos, não apenas verbo ao pé da palavra, mas ainda assim sendo, também um receptáculo de poder ilimitado para fazer e desfazer. Leia mais...
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Ártemis
Qui Jan 25 2024, 01:16
A Deméter, toda honra e glória
Março – Uma semana após a reunião dos conselheiros.

O sol despertara com um brilho mais caloroso naquela manhã, assim como as árvores começavam a desabrochar em uma explosão de cores vibrantes, e os campos de morangos se transformavam em tapetes de flores. A magia da chegada da primavera estava no ar, carregando cor e brilho, um renascimento da natureza, e com ela, iniciava-se o aguardado Festival da Colheita, dedicado à venerável deusa Deméter.

Neste período de renovação, cada pétala desabrochada era um tributo à vida e à fertilidade. O ar fresco estava impregnado com fragrâncias florais, e os pássaros entoavam melodias alegres por todo Acampamento Meio-Sangue. No entanto, o clima favorável contrastava absurdamente com a tensão que pairava entre os campistas.

Aquela data simbolizava também uma semana desde a partida de alguns semideuses em busca de respostas acerca dos recentes ocorridos em São Francisco e no Monte Etna. Para alguns, eram vistos como heróis, para outros, meros peões dos deuses. No entanto, a vida não podia parar no acampamento, ainda mais quando se tratava de honrar a deusa da colheita, provedora de alimento e abundância. Para Quíron, a iminente chegada de tempos sombrios era sinal suficiente de que deveriam se curvar e manter as tradições e o respeito.

Naquela manhã, alguns semideuses foram selecionados para levar o festival ao mundo mortal, conquistando assim o culto dos mortais à deusa de maneira indireta. Os filhos de Deméter venderiam morangos, os de Hefesto utensílios, o chalé 12 ficaria com a excelente safra de vinhos e com as diversões à parte. O intuito era, também, arrecadar fundos para que o acampamento continuasse em pleno funcionamento, como todo ano.

Já os filhos de Hécate ficaram com uma tarefa especial e também de suma importância, a manipulação da névoa para proteção dos campistas naquele momento de exposição. Após o café, Argos, o chefe de segurança do acampamento, levou a todos no micro ônibus até o bairro residencial de Long Island, Bellport, onde barraquinhas estavam distribuídas a alguns metros da praia. A decoração era convidativa e o cheiro fresco de flores e frutas tomava conta do ambiente.

As barracas encontravam-se espalhadas em formato de U em um gramado sob as sombras de algumas árvores, as ruas ao redor eram todas residenciais, o que tornava o evento ainda mais chamativo para os moradores. Na entrada do gramado uma placa foi fincada com a escrita “festival de primavera” em letras cursivas adornado de flores e frutas, feito especialmente pelos filhos de Apolo. Em cada barraca, 2 campistas revezavam por vez enquanto os outros se dividiam entre fazer uma ronda no perímetro e aproveitar o evento em si. Atrás da formação de barracas, algumas toalhas foram estendidas pelos próprios semideuses, para que pudessem desfrutar do momento. Não muito longe, era possível ouvir o som do mar, assim como sentir o cheiro da maresia.

Na rua principal, um lava jato tinha sido montado pelos filhos de Dionísio e Afrodite, ideia essa que fora totalmente despercebida por Quíron, que havia permanecido no acampamento. Havia comida e bebida para os campistas, que contaram com a ajuda de algumas ninfas. Todo o clima estava propício para um dia repleto de honra e glória a Deméter.

Informações:

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Eliot Amery Martinez
PROLES DE POSEIDON
Eliot Amery Martinez
Idade :
22
Localização :
Casa do caralho
Ter Jan 30 2024, 21:57

Já fazia uma semana desde a reunião do conselho. Uma semana que Gus e os outros haviam partido em missão. Uma semana que magoara Maxine. Uma semana que dormia e acordava em desespero, no meio da noite, acreditando que o acampamento estava sendo atacado e precisava encontrar Charlie. Uma semana que ele tinha plena consciência de que o seu destino era realmente enlouquecer, tal como sua mãe, pois já sentia algo dizendo que em breve estaria completamente pirado. Uma semana de um verdadeiro inferno dentro de sua cabeça.

Não fora diferente naquele dia. Eliot acordara sozinho no chalé três, arfando tão profundamente quanto seus pulmões permitiam, a cabeça latejando e o corpo e os lençóis empapados de suor. O sol ainda não havia surgido no horizonte, mas mesmo assim levantou-se, esticando as pernas para fora da cama e indo dar uma volta de conforto pela sua casa provisória. Por quanto tempo aquilo ali continuaria de pé? Por quanto tempo poderiam seguir suas vidas com um pingo de normalidade, como se nada estivesse acontecendo no mundo exterior?

Sentia seu egoísmo preso na garganta, todas as vezes que reclamara abertamente de ser um peão dos deuses vinham agora a tona, no momento em que realmente se encontravam em perigo e ninguém mais além deles mesmos os salvariam.

Desceu as escadas de madeira para ter com o relógio de pulso equilibrado em uma das bordas da pequena fonte ao centro do recinto. Ainda eram cinco e meia. Em algumas horas teriam o desjejum e, se não lhe falhava a memória, aquele era o dia em que fariam uma espécie de feira fora dos limites do acampamento. Parecia um convite especialmente bem-feito para monstros, quase como se colocassem um letreiro neon brilhante acima de suas cabeças, com um escrito de: "VENHAM, NOS ATAQUEM! SOMOS GOSTOSOS ASSADOS, FRITOS OU CRUS COMO SUSHIS". Bufou ao mero pensamento de ser empalado e comido como coxinha por uma quimera qualquer, e foi se vestir. Se fosse para morrer, que morresse bonito pelo menos.

[...]

O velho Argos estava especialmente impaciente e irritadiço naquele dia. O sol brilhava acima das cabeças semideusas, e Eliot só se preocupava em amassar algumas rosquinhas que havia enfiado entre os dedos, roubadas diretamente da cozinha do acampamento. Enquanto a maioria do pessoal se preocupava em tomar café como pessoas comuns, o rapaz se mantivera ocupado em graçejar algumas ninfas para obter vantagens na refeição. Aquela poderia ser sua última, não? Deu uma mordida desinteressada em um pedaço de massa coberta de açúcar, tentando parecer o mais tranquilo possível, ao passo que sua cabeça gritava para pelo amor de Deus alguém aparecer e cancelar aquela merda. Buscava Maxine em meio a multidão de campistas, mas não havia sinal da ruiva. Talvez fosse melhor parar de se preocupar.

Quando chegaram à Long Island, a primeira coisa que o rapaz fez foi correr em direção à praia, sentindo a brisa marítma mexer em seus cabelos. Ajoelhou-se na areia, quase que dramático, com as ondas molhando-lhe os joelhos. Foi preenchido por uma forte vontade de entrar nos territórios de seu pai e nadar para longe, para longe de toda aquela zona em que se encontrava o mundo, e viver como um mexilhãozinho no fundo do mar. Será que encontraria a Ariel? Talvez pudessem ter lindos bebês-sereia. Seus pensamentos idiotas foram interrompidos por um assobio, e logo correu de volta ao encontro dos outros.

Não ficou muito satisfeito com a divisão de tarefas. Precisaria fazer rondas pelo perímetro, enquanto os filho de Dionísio e Afrodite lavavam carros. Era sério que haviam o deixado de fora? Logo ele, filho de Poseidon? Aceitou seu destino cruel ao lado de um filho esquisito de Hefesto, que tagarelava sem parar a respeito do quão afiadas estavam as adagas que eles produziam na forja. Eliot estava prestes a mandar-lhe calar a boca quando avistou a ponta de um chapéu de cowboy. Deixou o moleque falando sozinho, enquanto afastava-se na direção daquele que acreditava ser Terry. Se seus cálculos estivessem certos, o filho de Deméter provavelmente estaria arrasado com a ida de Augusto para longe. E, lá em seu fundo, também sentia pela falta do amigo.

— Aiô Chico Bento! Tudo em cima, tudo em baixo? Ouvi dizer que essa safra de morangos tá especial.
Maxine Strathham
PROLES DE DIONÍSIO
Maxine Strathham
Idade :
20
Localização :
Acampamento Meio-Sangue
Qua Fev 07 2024, 00:09

'Cause darling,

I'm a nightmare dressed like a daydream

Não podia deixar seu dormitório sem conferir uma última vez sua aparência. Se não fosse pelo aspecto angelical, tal qual os querubins inspirados na figura de Dionísio, Maxine poderia ser facilmente confundida com a mais genérica e fútil prole de Afrodite. Não era raro vê-la se admirando em superfícies refletoras; principalmente em um dia tão especial para ela.

Um dia no qual ela faria um homem rastejar.

A semana não tinha sido fácil; teve que convencer o sr. D e Quíron a permitir as missões, depois, ajudar com os preparativos. Quando os semideuses se foram, não houve pausas, já que imediatamente começaram a planejar o equinócio de primavera. E ainda havia as tarefas de manutenção do acampamento que, com menos campistas,  tinha dobrado. A semana não tinha sido nada fácil.

Ainda assim, Eliot não saiu de sua cabeça, nem um segundinho sequer. Quando acordava já se questionava onde ele estava e, entre um descanso ou outro, o que ele estaria fazendo. Pensou e repensou muito na conversa que tiveram após o conselho no chalé de Hades, e em como ambos pareciam tão quebrados e tristes. Talvez, se tivesse paciência com Eliot, poderiam chegar em um acordo. Afinal, tinha certeza que ele gostava dela, também.

Mas, não seria fácil. Estava realmente chateada e Eliot teria que provar que estava arrependido, que gostava dela e que poderia ser capaz de fazer tudo aquilo valer a pena. E Maxine não planejava facilitar; muito pelo contrário.  Não era à toa que vestia apenas um short jeans e a parte de cima de um biquíni roxo. O toque especial era o boné que protegia o couro cabeludo — o mesmo que Eliot lhe dera anos atrás, quando os sentimentos de ambos eram mais fáceis. Com certeza, ele entenderia a mensagem.

Você vai matá-lo do coração. — Cantarolou para si mesma, arrumando alguns fios rebeldes. Em seguida, e com um sorriso extremamente satisfeito, deixou o chalé 11, seguindo o caminho até a saída do acampamento. Era sua responsabilidade acompanhar uma leva mais atrasada de campistas. Enfiou uma dúzia de campistas em uma das minivans em que transportavam morangos para o mundo mortal e rumou para Long Island. Hollaback Girl tocava ruidosamente nos alto-falantes do automóvel e ninguém, absolutamente ninguém tinha receio do que estava por vir. Todos estavam muitíssimo animados com a quebra de rotina, na verdade.

Foi uma viagem rápida. Max mal tinha colocado a van na vaga de estacionamento quando a porta se abriu e os semideuses pulavam para fora. Aquilo com certeza parecia muito mais um spring break do que o culto à uma deusa antiga. — Se Deméter não gostar, papai com certeza vai. — Sussurrou, risonha, saindo do banco do motorista. Ajustou o boné sobre seus cabelos e olhou ao redor, imediatamente encontrando Eliot, próximo à Terry. Um sorriso maligno abriu em seus lábios rosados, mas, nada fez.

Por ora, apenas se juntou próxima aos seus irmãos e proles de Afrodite, conferindo se todo o necessário para a lavagem dos automóveis e, principalmente, se estavam mais quentes que o sol daquele dia — todo mundo sabia que nenhum marmanjo em sã consciência deixaria um carro na mão de semi-adolescentes, se a visão não fosse minimamente erótica. — Será que isso configura prostituição? Estamos praticamente vendendo nossos corpos. — Comentou, risonha, para ninguém em particular. 
Hunter Keynes
PROLES DE AFRODITE
Hunter Keynes
Idade :
19
Seg Fev 19 2024, 23:39
I'M ANTIFRAGILE
Ao retornar para o acampamento, noto que o clima ali não era dos melhores pois era formado principalmente de receio e insegurança em decorrência ao sentimento que se originou após a reunião do conselho... o medo. Tal fato acarretou em muitos campistas conectados pelo mesmo sentimento, e quando um coletivo de pessoas emana sentimentos e energias semelhantes, uma egrégora é formada. Esse campo de energia é extremamente poderoso para mim, porém é uma faca de dois gumes, pois, assim como egrégoras formadas a partir de sentimentos benéficos me fortalecem, as que são criadas a partir de sentimentos negativos me enfraquecem por serem mais avassaladoras, densas e sombrias.

Devido ao descontrole de minhas habilidades, ao adentrar nessas egrégoras, meus poderes me transformam em uma espécie de ímã para esses sentimentos, absorvendo a maior parte dessa energia para mim. Mesmo quando meu corpo já não suporta, continuo absorvendo ao ponto de surgirem sintomas físicos: hematomas, olheiras, fraqueza, insônia. É como se eu estivesse doente, algo crônico e sem cura. "Talvez eu possa tirar o peso das costas deles. Se eles não estiverem nublados por esses sentimentos, podem focar em se fortalecer e se preparar para as batalhas que estão por vir."

Haviam se passado alguns dias desde que retornei da missão que Quíron tinha me enviado. Ele precisava de uma visão mais clara do que estava acontecendo, e nada melhor do que alguém que poderia ir e voltar com a menor chance de ser percebido ou rastreado. Tal missão deu algumas informações pertinentes para o diretor, talvez nos ajudasse a nos preparar melhor para os embates que viriam pois o que quer que esteja por vir afetará a todos, e eu esperava fielmente que as missões designadas a alguns veteranos nos trouxessem respostas. Para ajudar, ao retornar, recebi a doce notícia de que Francesca me deixou responsável pelo chalé. Daria uma boa história o fato de quanto fugimos desse cargo, mas não havia escapatória. Eu era um dos mais antigos depois dela, e mesmo que não estivesse muito à vontade, mostraria a ela que não a decepcionaria ao me colocar ali.

Meus irmãos e irmãs decidiram que fariam uma lavagem de automóveis. Mesmo que minha opinião fosse completamente contra esse serviço que eles queriam oferecer, eles conseguiram me convencer. Bom, não havia muita alternativa quando muitas bocas persistentes e manhosas ficam em seus ouvidos implorando por algo por horas. "Como Francesca não enlouqueceu? Estou lidando com essas crianças há apenas alguns dias, e já estou entrando em prantos." Eles conseguiram vencer pelo cansaço, e de qualquer forma, eu não participaria. Usei a desculpa de que ninguém gostaria de ver um rapaz doente lavar seu carro, mas sim que queriam ver as beldades que eles eram. Sim, eu apelei para o ego deles e para a minha "doença", mas foi a única forma que encontrei para fazê-los me deixarem em paz. Eu apenas ficaria de olho nesses adolescentes. Também pedi para que fizessem uma barraca que vendesse maçãs do amor (encantadas, diga-se de passagem), que amplificariam sentimentos de amor, felicidade, paixão e qualquer sentimento bom por um tempo, apenas para que os humanos pudessem experimentar o ápice desses sentimentos ao dividir com alguém especial.

O dia do festival da colheita chegou e, mesmo após todos esses acontecimentos, eu estava animado. Não só porque era um dos eventos que mais me trazia conforto e paz, mas também porque talvez a egrégora que ali se formasse poderia me ajudar com o estado em que me encontrava. Eu me arrumava para o evento e uma das vantagens de ser filho da Deusa da Beleza é que, mesmo nesse estado, eu conseguia achar uma forma de me deixar apresentável. Ao chegar lá noto algumas figuras já conhecidas no acampamento, todos carregando sua carga de sentimentos conflituosos e angustiantes mas unidos por um motivo em comum e mesmo que ninguém admita talvez aquele lugar naquele dia seja um refúgio, para tentar esquecer todas as merdas que vinham acontecendo.

Em meio a todas aquelas auras uma em específico me chamou a atenção: o cheiro de enxofre misturado com nicotina preencheu minhas narinas, característico de uma pessoa. Ao virar para o lado, consigo vê-lo recostado em um barraca aproveitando a sombra que ela fornecia "Uma rota de fuga caso se cansasse ou algo acontecesse?". Meu olhar recai sobre a aura que ele emanava, ela estava turbulenta, apreensiva, me traz lembranças de quando nos conhecemos. Conhecia-o a tempo suficiente para saber que devia estar sendo difícil para ele ter saído do acampamento e que ele estava receoso em encontrar a razão de seus pesadelos, pois mesmo que ele nunca tenha entrado em detalhes ao me contar sobre seu passado eu pude ver alguns relances de algumas memórias atrelados a forte mágoa e ao medo que ele tinha de seu passado, que ele tinha dele.

Me lembro claramente daquele dia e do momento em que compartilhamos da dor que ele sentia me trazendo ecos de memórias que ele insistia em esconder, o que me tranquilizou foi que ao entender um pouco das experiências que formaram aquela peste toda quebrada e dividir de sua dor, eu pude tomá-la para mim e diminuir um pouco angústia que aquelas memórias traziam a si. "Os fardos e cargas se tornam menos pesados quando você possui alguém com quem compartilhá-los."

As memórias belas e nostálgicas se esvaem como a brisa que passeava pelo meu rosto ao lembrar de nossa briga “Esse merdinha! Como ousou falar aquilo pra mim?” O problema de deixar alguém se aproximar é saber que você está dando a ela o poder de te machucar, porque a prole de Hades sabia que machucaria e mesmo que eu soubesse que ele disse no calor do momento sem ter a intenção de tocar naquela ferida, ele ainda o tinha feito. Meu rosto se fecha e eu sigo em direção ao moreno.

Você não vai fazer nada? — Eu pergunto com uma sobrancelha arqueada esperando sua reação, mas eu não poderia perder o costume então continuo. — Seria muito útil mais um par de braços.. Mesmo que os seus sejam curtos. — O tom sarcástico contrastava com meu olhar sério e incisivo, queria que ele sentisse o quão puto eu ainda estava com ele, caso ele não notasse pelas palavras eu faria questão de mostrar.
Alexander Albrecht
PROLES DE ZEUS
Alexander Albrecht
Sex Mar 22 2024, 03:07
BOULEVARD OF BROKEN DREAMS
Alexander não gostava da ideia de participar do Festival da Colheita. Ele ainda podia sentir suas orelhas queimarem com as vozes provenientes de campistas eufóricos e tolos empolgados com a possibilidade de uma fuga da rotina exasperante do acampamento. Sua frustração e raiva residiam principalmente no fato de que ele precisaria passar o dia lidando com diferentes pessoas e personalidades, desafiando os limites de sua capacidade de socializar com outros indivíduos.

Essa tem sido a sina dele, desde que chegara ao acampamento. Dois anos mais tarde que a maioria dos campistas. “Pura sorte”, comentavam aqueles que duvidavam de sua força e perseverança, enganados pelas expressões rudes contidas em suas palavras e atitudes. E, tão fácil quanto foi julgá-lo previamente com base na falta de tato e empatia do jovem semideus, mudarem-se os olhares e palavras dirigidas a ele quando seu parentesco divino se tornou claro e indiscutível. O desdém deu lugar à estranheza e ao receio, ampliando a distância emocional e social entre Alexander e seus companheiros de acampamento.

Dor, solidão e medo. Essas são palavras que costumam definir com exatidão a infância incomum de muitos semideuses, especialmente de Alexander. Ele ainda é capaz de visualizar com clareza os dias em que passara em claro, vigilante, durantes as noites escuras e frias à espera de qualquer silhueta que irrompesse das sombras em busca do sangue em suas veias. E, de certo modo, essa sensação nunca o deixara completamente mesmo no acampamento. Além disso, os monstros em seu passado e de outros semideuses não servia como uma ponte viável para estreitar laços por meio de um trauma comum.

Alexander detesta a companhia de outras pessoas. Ele é incapaz de ver sentido nas relações de amizade e amor que tantos outros lutam para estabelecer ou preservar, embora existam coisas que ele não reconhece e entende completamente. Desde a tenra idade, ele tem visto os poucos laços que herdara de seu núcleo familiar dissolverem-se por influência de sua herança divina. Sua mãe o encarava como um ímã para desastres, afastando-a do homem que amava e atraindo olhares e visitas estranhas que pareciam ser guiadas por um aroma especialmente atrativo para criaturas que só deveriam existir em contos e fábulas mitológicas. E, de fato, ele é. Por ser filho de um dos Três Grandes, precisamente de Zeus, Alexander é incapaz de se esconder completamente: ele é como um farol lançando luz sobre olhos famintos e insaciáveis, imergindo-o em um mundo de perigos constantes e ameaças iminentes.

Ele acordou cedo àquela manhã, embora não desejasse ter que fazê-lo. Apesar de ser tentador ir para os campos de treino com sua lança e armadura, ignorando completamente a movimentação no acampamento e, por extensão, o evento da Colheita em homenagem à Deméter, Alexander odiaria ter outra discussão com Quíron sobre sua aparente “conduta antissocial”. Ele estava completamente sozinho em seu chalé. Pelo que é capaz de lembrar, Alexander possui dois meios-irmãos que aparentemente compartilham de sua falta de sociabilidade. Talvez um traço pouco conhecido de seu pai? Provavelmente. Há tantas coisas sobre Zeus que Alexander é incapaz de entender e, mesmo quando diante da estátua imponente e silenciosa no centro do Chalé 1, o semideus é incapaz de encontrar qualquer familiaridade entre os dois.

Que tal enviar uma tempestade com raios e trovões para esta manhã, pai? Eu ficaria imensamente grato. – Alex fez esse pedido sarcasticamente, na esperança de que o clima mudasse e acabasse com o festival da colheita. Infelizmente, para ele, seria apenas outro pedido para o qual jamais haveria resposta. Para o bem ou para o mal, ele nunca tivera qualquer contato direto com seu pai – ao menos é assim que se recorda. As referências que possui sobre ele baseiam-se em livros e esculturas que retratam a figura de um homem complexo e pouco compreensivo. Bom, ao menos nisso eles pareciam convergir como pai e filho.

Alexander trajava sua típica jaqueta de couro preta sobre uma camisa branca, acompanhado de jeans azul e um par de Chucky Taylor all star de coloração cinza. A pedido de Quíron, ele deixou o Chalé 1 e se dirigiu ao Chalé 4 para que acompanhasse e ajudasse os filhos tagarelas de Deméter até o local onde seria realizado o Festival da Colheita. O local estava impregnado com um aroma doce e forte que lembrava flores na primavera e Alex se questionou se aquilo era devido ao estado natural das plantas que adornavam os pilares do Chalé ou um efeito ocasionado pela interação de tantos semideuses eufóricos.

Argos foi o responsável por levar o grupo de semideuses até a localidade no mundo mortal em que o Festival seria realizado. Naquele ano, ele seria celebrado com um objetivo a mais: o de angariar fundos para a manutenção do acampamento. A ideia veio diretamente de Quíron e Dionísio, que não pareciam particularmente empáticos com aqueles que simplesmente odiavam qualquer evento daquela magnitude, principalmente um que exigisse contato direto com os mortais.

Alexander foi designado a barraca de maçãs do amor contra a sua vontade. Por algum motivo, Quíron achou que essa seria a barraca perfeita para que ele pudesse pôr em prática as suas habilidades sociais. A barraca de maçãs do amor, especialmente montada para o Festival da Colheita, que ocorre durante o dia, brilhava sob o sol primaveril. Seus painéis laterais de tecido colorido tremulavam suavemente com a brisa morna, enquanto as fitas decorativas dançavam ao vento.

Uma cobertura feita de tecido leve oferecia sombra aos frequentadores, proporcionando um ambiente agradável para desfrutar das maçãs do amor cuidadosamente preparadas pelos filhos de Afrodite. Mesas de madeira polida exibiam as tentadoras guloseimas, enquanto cestas decorativas adicionavam um toque encantador à atmosfera festiva. Ao redor da barraca, flores primaveris em vasos decorativos adicionavam um toque de cor e perfume, completando a cena de celebração da estação da colheita.

Espero que os filhos de Hécate deem conta do trabalho. Ocultar a presença de tantos semideuses em um só lugar... Isso, sim, é um desafio. – Sua voz mesclava ironia e descontração, como se brincasse com a ideia de que tudo pudesse dar errado.

Ao fundo, ele ouviu algo caindo. Quando se virou para averiguar, o semideus que o acompanhava na barraca parecia visivelmente constrangido.

O que foi? Se assustou com as maçãs, David? – Provocou o outro, divertindo-se com a cena vergonhosa enquanto retirava algumas maçãs de uma caixa de madeira e as organizava sobre a prateleira recém-montada.

[James/Fiho de Afrodite] Você não tá ajudando com essa energia... pesada. – O filho de Afrodite parecia estranhamente sensível estando próximo ao Alex. Talvez fosse sua atitude errática ou simplesmente a falta de intimidade entre os dois. Eram dois estranhos cooperando para dar tudo certo ou, pelo menos, era assim que o filho de Afrodite esperava. – E eu já te disse: o meu nome é JAMES! – Ele pareceu se esforçar para dizer o próprio nome.

Ah, tanto faz. Você tem cara de David. – Alex deu de ombros, voltando a atenção para a estante diante dele.

Ele passaria os próximos minutos tentando organizar as maçãs rosadas e encantadas pelos filhos de Afrodite para que pudesse se livrar rapidamente da tarefa. Enquanto isso, sua mente vagava para longe dali, relembrando os eventos que o levaram até aquele ponto. A brisa suave da primavera acariciava seu rosto, contrastando com a tensão que permeava suas emoções. Ele observava os outros campistas, sorrisos genuínos iluminando seus rostos, enquanto ele permanecia isolado em sua própria escuridão interior.

O Festival da Colheita deveria ser uma ocasião de alegria e celebração para muitos ali presentes, mas para Alexander, era apenas mais um lembrete de suas limitações em lidar com as pessoas, uma situação mais inquietante e frustrante do que calmante. Em meio à multidão animada, ele se sentia mais sozinho do que nunca.
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