Fall Of Olympus
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TRAMA
Quando o universo se formou, não passava de um globo disforme e vazio, não havia a separação entre os quatro elementos, tudo não passava de caos, um extenso poço de vácuo e escuridão. Então, as energias dissipadas pelo cosmo foram se aglomerando até criar uma diferente forma de poder, ainda que de difícil compreensão, chamado de Caos, não apenas verbo ao pé da palavra, mas ainda assim sendo, também um receptáculo de poder ilimitado para fazer e desfazer. Leia mais...
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Augusto Wolsk Schönborn
Instrutor de Combate
Augusto Wolsk Schönborn
Idade :
20
Localização :
Acampamento Meio-Sangue
Qui Dez 14 2023, 22:28
Augusto Wolsk Schönborn
Instrutor de Combate
Augusto Wolsk Schönborn
Idade :
20
Localização :
Acampamento Meio-Sangue
Sex Dez 15 2023, 22:48

rollercoaster


As luzes da manhã começaram a se infiltrar pelas frestas da cortina entreaberta do quarto de Augusto, mas aquilo não incomodava o rapaz que já se encontrava acordado há algumas horas. O motivo? Não conseguia tirar da cabeça os acontecimentos da véspera de Natal. Tinha passado tantas semanas trocando cartas com aquela pessoa misteriosa para no fim descobrir que a conhecia o tempo todo, que ela, ou melhor, ele, já fazia parte de sua vida e de seu mundo. A expressão de confusão de Terrence surgiu em sua cabeça pela milésima vez. Ele tinha odiado tanto assim? Aquilo tudo era uma confusão das grandes e parecia ser mais um acontecimento o colocando em conflito com sua própria sexualidade. Já não bastava ter quase perdido a amizade de Lance?

Era estranho ter compartilhado tantas coisas com Terrence e agora sentir que não o conhecia, mesmo o vendo todos os dias no acampamento. Claro, nunca foram de conversar, mas Gus já sabia que ele tinha um rancho e que seu sotaque carregado o deixava fofo. "Eu disse mesmo fofo?" Soltou um grunhido de frustração, escondendo o rosto em meio aos travesseiros, como se aquilo pudesse aliviar o fluxo de seus pensamentos. Estava confuso demais com o que aquilo podia significar, afinal, ele estava gostando mesmo da pessoa das cartas, não estava? Independente de gênero… Essa era, de fato, uma questão que ainda passeava por sua cabeça. Não sabia se isso só tinha acontecido com Lance e se tinha sido puramente platônico ou se era de fato algo sobre si… Era assustador e era engraçado ser assustador levando em consideração que monstros e deuses poderosos existiam. Virou de barriga para cima, encarando o teto, estava agoniado com o fato da noite ter terminado daquele jeito para os dois, tinha que dar um jeito.

Se levantou em um pulo só e foi até a área externa do apartamento, onde ficava a piscina. O local estava silencioso, o que significava que a maioria ainda dormia. Catou um dracma de ouro perdido no bolso dos shorts e procurou o ângulo certo, aquele que formava o vislumbre de um arco-íris antes de jogar a moeda na água.

— Oh Íris aceite minha oferenda. Mostre Terrence McKinney. — Gus só percebeu que podia ser cedo demais e que aquela fora uma ideia impulsiva quando a imagem de um Terry adormecido surgiu sobre a água — Merda! — Falou, talvez alto demais, fazendo com que a figura masculina abrisse os olhos com a expressão mais confusa, assustada e talvez envergonha que o filho de Hermes tinha visto. Aquilo fez um sorriso involuntário brotar nos lábios de Augusto, ele era realmente fofo — Não era você que levantava com as galinhas? — Deixou que o sorriso se transformasse em uma expressão ladina devido à provocação. Aquilo não era novidade, já tinha implicado assim com ele antes por cartas, mas fazer pessoalmente, depois de todo o choque de se conhecerem — ou reconhecerem — era ainda melhor.

Soltou uma risada sem graça, coçando a nuca e desviando o olhar, era um tique que fazia sempre que ficava desconfortável — Me desculpa, não era minha intenção ligar tão cedo… Eu só fiquei pensando se você não gostaria de sei lá, se encontrar mais tarde? Fiquei sabendo que tem um parque de inverno no centro, achei que seria bom para conversarmos.

Gus sentia uma coisa esquisita no estômago, estava com medo da resposta dele, com medo que Terry só quisesse se afastar e encerrar aquele assunto ali mesmo. Mas não foi o que aconteceu, em poucos minutos tinham marcado tudo, logo antes da mensagem de íris se desfazer conforme o sol ia ficando mais alto no céu.


O dia pareceu se arrastar uma eternidade pelo simples fato de que os dois semideuses se encontrariam. Augusto não sabia exatamente o que dizer ou fazer, só não queria que as coisas ficassem mais estranhas. Aquele talvez fosse seu defeito mortal, nunca conseguir deixar pra lá. Quando finalmente chegou a hora, no fim da tarde, Gus chamou um táxi que o levou até o destino. Não era lá o maior parque que tinha ido, não tinha a maioria dos brinquedos radicais por conta do inverno e da neve, mas ainda possuía a magia de qualquer parque, as luzes coloridas e brilhantes, o som de crianças rindo, a música animada. Era um pouco de vida no cinza que dominava Nova York nos últimos dias. O filho de Hermes vestia jeans, os típicos all star, camisa branca, um casaco grosso com capuz e uma jaqueta marrom por cima. Podia sentir a ponta dos dedos queimarem pelo frio, devia estar fazendo uns 12º.

O semideuses ficou próximo da roda gigante, as nuances da iluminação do final da tarde se misturavam com as luzes artificiais do parque, deixando o cenário bonito. Parte de Augusto se encontrava alerta por outros motivos, não se sentia muito à vontade saindo da proteção de sua casa ou do acampamento, sempre corria o risco de encontrar monstros e não queria mais problemas para um mero Natal. Encarava os próprios pés, perdido no loop de pensamentos quanto um toque suave em seu ombro o fez dar um leve pulo, ficando na defensiva. A primeira coisa que encarou foram os olhos amendoados de Terrence que combinavam perfeitamente com os fios que caíam sobre os olhos. O olhar desceu para o nariz, os lábios, o queixo… Talvez aquela fosse a primeira vez que olhava o filho de Deméter de fato. O som de uma bexiga estourando tirou o garoto do transe que se meteu, levando-o a abrir um sorriso sem graça.

— Talvez esse não tenha sido o melhor lugar pra conversar, mas que tal você mostrar todo aquele talento que disse que tinha com jogos? — Inclinou com o queixo uma banca com tiro ao alvo — Não que eu vá facilitar as coisas, claro. — Se sentia eufórico de repente, parte pela possibilidade do que aconteceria, parte pela menção aos jogos, afinal, era filho de Hermes e obviamente não deixaria barato, nem que precisasse trapacear para isso.
Terrence McKinney
DEVOTOS DE HERA
Terrence McKinney
Ter Dez 19 2023, 21:49


hurricane
Acomodado entre os brotos de centeio que cresciam em abundância às margens do Rancho McKinney, Terrence observava as constelações que ornamentavam o alto da abóbada celeste naquela noite. Desde o episódio em Nova Iorque, às vésperas do feriado natalino, assumiu as responsabilidades do pastoreio, vigiando as ovelhas de seu pai como forma de manter a mente ocupada. Passava a maior parte do tempo nos campos da fazenda, dormindo ao ar livre com o rebanho.

Apesar de tamanho esforço, as lembranças o arrebatavam constantemente, especialmente as do seu envolvimento no programa de namoro por correspondência em que se inscrevera no último verão. Após meses trocando cartas com a garota misteriosa pela qual teria caído de amores, descobriu que ela, na verdade, era Augusto Schönborn, um dos semideuses do Acampamento Meio-Sangue e com quem trombara algumas vezes durante a estadia no camping antes de toda a confusão. Não que fosse culpa dele, claro. O acaso parecia ter pego a ambos de surpresa, mutuamente.

Entretanto, Terrence sentia-se confuso, mesmo frente à descoberta da identidade de outrem. Era difícil esquecer todo o carinho que teria nutrido pelo sujeito, e ainda mais estranho imaginar como teriam se conectado de maneira tão íntima por intermédio de poucos telegramas; sabia dos sonhos que idealizava e os desejos que o consumiam, da mesma forma que ele conhecia os seus. Agora, não passavam de estranhos.

Mulherengo, bem apessoado, e com um histórico considerável de namoro com garotas esbeltas, nunca pensou que algum dia chegaria a nutrir desejos por outro rapaz.

Imerso em sonhos lúgubres, acordou sobressaltado ao ser acometido por uma vertiginosa sensação de observância. Aturdido, Terrence demorou para assimilar a ocorrência; o rosto de Augusto pairava no ar, tremeluzindo sob a luz baça da madrugada. O reconheceu rapidamente, surpreso pela ligação celestial repentina. Embora fosse um meio-sangue, custava a se acostumar com o misticismo que volvia o acerco grego.

“Posso nem aproveitar um pouco as minhas férias? Também sou fio de Deus, uai!” abafou uma risadinha anasalada, e logo espreguiçou-se para afastar o sono. A presença de Gus já o tinha deixado em alerta, desperto. Mesmo que quisesse, não seria capaz de voltar a dormir outra vez. “Fico feliz que ‘ocê ligou. Pensei em fazer isso, mas...”  e ele quis mesmo entrar em contato antes, se desculpar pelo ocorrido, caçoar da situação e dizer que não havia problema algum, que poderiam ser amigos, mas temia que Augusto enxotasse a ideia. O seu pavor, na verdade. Depois de todas as cartas, que ele preferisse esquecê-lo.

Terry arquejou tão logo ouviu o convite para que se encontrassem; as írises acastanhadas fixaram-se nas feições lépidas do filho de Hermes, arregaladas. Conhecia a fama que precedia os residentes daquele chalé, e de como adoravam pregar peças nos desavisados. Mesmo assim, o âmago de Terrence inflou-se.

“Pode ser, sim” concordou, enclausurando o lábio inferior entre a prensa dentária para ocultar o sorrisinho presunçoso. “Talvez eu me atrase por conta da estrada, mas que tal às seis?” com tudo planejado, despediu-se, esperando que a ligação findasse antes de saltar do amontoado de feno onde se empoleirara e correr pelo campo, descalço, a brisa matinal lambendo-lhe a face e desgrenhando-lhe os cabelos, gritando aos berros para que o pai o deixasse dirigir até Nova Iorque.

Demasiadamente animado, mal via a hora de encontrar Augusto outra vez.



O possante motor da ram trx estacionou em inércia defronte a fachada do parque de diversões. Apressado, Terrence deslizou para fora da picape, estremecendo em decorrência da baixíssima temperatura; desacostumado com o frio, detestava a estação uma vez que pontuava a partida de sua irmã, Perséfone, para o submundo. Incólume a todos os que descendiam da deusa Deméter, não seria incomum que fossem abalados pela melancolia durante o inverno.

Abanou o rosto, dispersando os pensamentos, obrigando-se a manter o bom humor à medida em que perpassava pelos transeuntes, aprofundando-se no aglomerado de barracas erguidas pelo parque, buscando localizar o camarada. As botas de couro chafurdavam na neve, e com as mãos enfiadas nos bolsos dos jeans desbotados, Terry passeou pela localidade, não tardando a encontrá-lo nas proximidades da roda gigante.

“Brrrup! ‘Tá frio por dimais, né?!” brincalhão, envolveu-se em um abraço, fingindo congelar. Um modo fácil de disfarçar o nervosismo e manter a calma para apreciar a oportunidade de ajeitar as coisas entre os dois. “Pois ‘ocê vai se arrepender por me desafiar, rapaz. Não tem cabra por essas terras que seja melhor que eu no tiro, não!” alargou o sorriso, exibindo a fileira de dentinhos brancos e perfeitamente alinhados, aceitando de bom grado a proposta de outrem. “Bem, na verdade tinha o malandro do Johny Stewart que me venceu na competição da cidade uma vez, mas tenho certeza que ele roubou, juro!”

Falastrão, ajeitou a touca rente a cabeleira acastanhada para manter-se aquecido, seguindo Augusto até a tenda de jogos que jazia ali por perto. A atendente, uma mulher loira de meia-idade, os saudou com um sorriso simpático, instruindo sobre como a brincadeira funcionava; ao fundo da barraca, patinhos de metais percorriam um lago artificial. Eram pequenos, esguios e programados para se movimentar com certa rapidez, o que os tornavam difíceis de acertar. Cada chance custaria um único dólar. Terrence retirou a carteira do bolso e pagou com uma nota de dez, dividindo em chances iguais para cada um.

“Então... passou o Natal com os seus amigos?” questionou, puxando assunto. Conseguinte, recepcionou a espingarda de pressão entregue pela funcionária da barraca, ajustando a arma contra o ombro. Seu comparsa fazia o mesmo, preparando-se para engatar o primeiro disparo. Observou como os músculos dele se tencionavam, flexionados no suporte da espingarda. Prescrutou, também, a tez pálida dos dedos longos entorno da empunhadura, e as mãos grandes que envolviam o armamento. Augusto era atlético, e todo o conjunto - os traços firmes de um rosto imberbe, queixo marcado e nariz anguloso - faziam dele um garoto bonito. Muito bonito.

Terrence jamais se intitulou como alguém competitivo, mas afetou-se por uma vontade súbita de vencê-lo. Queria chamar a atenção de Schönborn, provar que era bom em alguma coisa, conquistar sua admiração.

"'Ocê começa, Gus. Quero ver se é bão mermo" risonho, incitou em um tom de galhofa esmaecido devido o sotaque caipira carregado. Mas ele não era de todo ingênuo; assistiu Gus tomar a frente da disputa, concentrado, passeando com os olhos por cada entalhe da expressão jovial do rapaz.

Era injusto. Terrence se esforçava pela admiração de Augusto, mas ele já possuía a sua muito antes do jogo começar.

Augusto Wolsk Schönborn
Instrutor de Combate
Augusto Wolsk Schönborn
Idade :
20
Localização :
Acampamento Meio-Sangue
Seg Dez 25 2023, 16:57

rollercoaster


Os tons vibrantes e coloridos do fim de tarde começavam a dar lugar às estrelas e ao cair da noite, junto da temperatura ainda mais amena, mas Augusto não se importava. Estava tão concentrado em não falar uma besteira ou agir de forma estranha que não tinha espaço para reclamar do clima. Não sabia exatamente o porquê, mas não queria causar uma má impressão, ou desconfiança, mesmo que esta última pudesse ser inevitável levando em consideração seu chalé.

Caminharam até a barraca de tiro ao alvo e Augusto não pôde deixar de ficar feliz frente a animação de Terrence com o jogo. Tinham falado tanto sobre as coisas que gostavam e agora estavam apenas começando a experimentar elas juntos. Ele soltou uma risada totalmente descontraída, preso com a premissa da história de um tal Johny Stewart, parecia que o filho de Deméter tinha um mundo só dele, longe da loucura e caos da cidade grande. Eles eram totalmente opostos nisso, ele era como um raio de sol e Augusto como a meia-noite.

— Passei sim… Foi diferente passar longe do acampamento — Não fez oposição quando viu o outro pagando o jogo, era só o início da noite e pretendia retribuir em outro brinquedo ou chamando-o para comer algo — Na verdade, eu fiquei foi pensando sobre tudo… — Iniciou o assunto que era tão temido e ao mesmo tempo tão necessário, o motivo de estarem ali. Nesse momento não encarava Terrence, estava concentrado em apoiar a espingarda no batente e ajustá-la para que ficasse na altura adequada para o tiro. Aproveitava aquele momento para deixar o assunto no ar enquanto elaborava as palavras da melhor forma, nunca fora muito bom em expor o que sentia com falas, era mais de atitudes.

A prole de Hermes podia sentir os olhos de Terrence sobre si, o fato de não saber o que ele estava pensando era enlouquecedor. Será que ele o achava esquisito? Será que tinha qualquer vontade de manter uma amizade? A memória das cartas surgiu como uma enxurrada mais uma vez, a lembrança de tudo que tinha compartilhado com ele, algumas coisas que nem seus melhores amigos sabiam, não era de sentir vergonha, mas naquele momento as maçãs de seu rosto queimavam feito fogo.

Seu olhar se desviou para encarar o rapaz frente a provocação carregada de sotaque. Até aquele ponto o jogo estava sendo apenas o backstage de tudo que estava acontecendo com seus pensamentos e emoções, mas se Terry queria ver o que ele sabia fazer, iria mostrar. Mirou o alvo e em milésimos de segundos acertou o meio exato de um dos patinhos — Sua vez, garoto do campo — voltou a encarar Terrence ao proferir o apelido, não soava zombeteiro, mas sim até um pouco carinhoso acompanhado do sorriso ladino — Quero ver se o tal Johny trapaceou mesmo! — Agora era sua vez de observar cada movimento do outro. Ele fazia aquilo com um pouco mais de naturalidade que Augusto, que se garantia apenas por suas habilidades semidivinas. Os olhos passaram da arma para o rosto da prole de Deméter, a linha do maxilar levemente tensionada enquanto os fios castanhos escapavam da touca, as bochechas vermelhas por conta do frio que lhe davam um ar jovial, os lábios levemente puxados em um sorriso travesso. Apesar da expressão concentrada, ele exalava uma espécie de calma e Gus se pegou pensando que poderia passar horas admirando-o, não só pela calmaria que ele transmitia, mas também pelo fato de que estava sim atraído.

— Sabe, Terry, eu tô ligado que o que aconteceu foi maluco e inesperado, mas eu… — Soltou o ar, aquela coisa de pensar antes de falar não tinha dado certo — Eu não queria deixar pra lá, que dizer, eu não consigo deixar pra lá — Soltou uma risada sem graça, encarando os patinhos como alvos — Acho que você sabe mais sobre mim do que qualquer outra pessoa e eu não queria perder isso, não queria deixar de ser pelo menos seu amigo.

As mãos estavam muito suadas ao redor da espingarda agora e Gus olhava para tudo, menos para Terrence. Não sabia como suas palavras iriam soar para o outro, disse que podiam ser amigos, mas porque aquela palavra parecia pequena demais depois de todos aqueles meses? Estava começando a ficar extremamente ansioso com esse tipo de pensamento. E se Terrence achasse que ele queria algo mais mesmo assim? Quer dizer, ele era hétero né? O próprio Augusto não era também? Engoliu em seco diante da constatação que aquela palavra não podia mais definir ele. — Desculpa — falou, balançando a cabeça, não sabia ao certo porque estava se desculpando, mas de repente a garganta estava muito seca e queimava. — Porque não me fala do seu Natal? Tem planos para o Ano Novo? — Aquela era uma clara tentativa de mudar de assunto frente ao pânico que Gus vivia internamente agora.
Terrence McKinney
DEVOTOS DE HERA
Terrence McKinney
Sáb Dez 30 2023, 02:04


hurricane
Observou o comparsa alvejar um dos avos sem exprimir qualquer dificuldade, suprindo as expectativas nutridas por Terrence a respeito de sua disposição em jogos e passatempos. Desde a descoberta da predileção por games, pontuado por ambos durante a troca de cartas no último verão, McKinney passou a ansiar por um momento como aquele ao lado de Augusto onde pudessem desfrutar da companhia um do outro, sozinhos.

“’Ocê atira como um texano!” assobiou, admirado, tecendo elogios a respeito da performance. “Mas irei mostrar como um verdadeiro profissional faz” caçoou em tom brincalhão, tomando a espingarda para que pudesse fazer uso da vez. Conseguinte, Terry viu-se abafando uma risadinha diante o apelido nomeado pelo filho de Hermes, que na voz do camarada soava mais que agradável. Disfarçando a excitação, mostrou-lhe a língua como ofensa.

Com a arma erguida defronto rosto, mirando um dos patinhos de metal ao fundo da barraca, reuniu concentração o suficiente para arriscar a tentativa e, só então, pressionou o gatilho, arrojando um projétil certeiro. O sucesso o fez estufar o peitoral, cheio de si, encenando uma pose pretenciosa – mão na cintura, queixo erguido, e feição convencida – a qual se desfez rapidamente, seguida de uma gargalhada alta bastante gostosa.

“Vai ser difícil definir um vencedor, hein? O que ‘ocê acha de deixar as coisas mais interessantes?” sugeriu, desfalecendo o olho esquerdo numa piscadela marota. “Quem acertar ganhar o direito de perguntar algo pessoal sobre o outro, qualquer coisa, talvez algo secreto que ninguém saiba. Assim, a gente pode se conhecer um pouco mior, né?” torcia para que Augusto aceitasse a proposta, pois ela o seria muito bem aproveitada.

Por mais que possuísse um entendimento abrangente sobre o modo de vida e os gostos do rapaz, ainda sentia que havia muito a ser descoberto. Agusto era como uma fonte inesgotável de água potável, e Terrence precisava saciar a sede.

Não tardou para que o episódio desencadeado na noite de Natal viesse à tona. McKinney suspirou, maneando a cabeça em um aceno positivo, ouvindo atentamente o companheiro. Cedo ou tarde, teriam que discutir sobre o evento, mesmo que preferisse adiar a conversa por medo das consequências que resultaria da ocasião.

“Meu paizinho sofreu muito quando minha mãezinha foi embora. Ele não conseguiu lidar com o abandono, e acabou adoecendo de tanta tristeza” não sabia ao certo o motivo de expor uma parte tão delicada de sua vida repentinamente, mas para ele parecia importante explicar sobre como acabara chegando naquela situação.

“Eu o assisti definhar aos poucos, solitário, sem ânimo até para viver, e jurei que faria de tudo para não ter aquela mesma vida, sabe?” apoiou os cotovelos sobre a bancada da barraquinha, abstraindo-se da realidade à medida em que perdia-se em pensamentos, relembrando dos terríveis acontecimentos amorosos existentes em seu passado.

“Por isso comecei a me entrosar com um bocado de moças, desesperado para encontrar alguém com que eu pudesse ser, pelo menos, um pouquinho feliz. Sei que não foi muito decente da minha parte, uai, mas a minha mentalidade era diferente na época” torceu os lábios como se ele próprio desaprovasse as atitudes da adolescência, emoldurando na face uma careta engraçada. Mirou Gus pelo canto do olho, esperando que não fosse julgado pela superficialidade.

“Uma de minhas ex, Lauren, foi uma filha de Afrodite. Eu a conheci no acampamento, e pelos deuses, como ela era bonita!” mantendo as lembranças ainda vívidas na memória, foi fácil recordar de cada detalhe sobre sua relação com a semideusa, especialmente considerando a experiência traumática pela qual havia perpassado. “Ficamos juntos por bastante tempo, até que um dia ela decidiu que eu não era mais suficiente para ela. Disse que tinha algo errado comigo, algo defeituoso, e que ninguém seria capaz de me amar por inteiro”

Voltou-se na direção de Augusto, perdendo-se no resplendor de seus olhos, cujas írises eram de um castanho tão intenso que faziam com que Terrence lembrasse de casa. Uma comparação forte demais para passar despercebida; casa, o mesmo que lar, um porto seguro. Brincando com os dedos, nervosamente, tentou esconder o rubor que ascendia do pescoço às orelhas, pigarreando.

“Eu já estava desacreditado do amor. O que ela falou, mexeu comigo de uma maneira muito negativa. E foi aí que eu conheci ‘ocê, e acho que nunca me conectei tão profundamente com alguém antes” tentou conter, sem sucesso, o sorriso meigo que floresceu nos lábios cheios, iluminando o rosto de traços pueris. Com as covinhas bem acentuadas no canto das bochechas, direcionava um olhar ardente na diretriz de Augusto, venerando-o em segredo, intenso.

“No início imaginei que 'ocê fosse outra pessoa, uma moça, mas isso já não tem importância nenhuma agora” sacolejou os ombros em analogia à pouca preocupação que sorvia ao caso; Terrence, que sempre fora um garoto de mente aberta, espírito livre e pés descalços, não via problemas em estar caidinho de amores por outro cara. Obviamente, preferia ocultar essa parte para si só, até que conseguisse compreender, com cautela, os sentimentos que possuía por outrem. "Pensei muito sobre isso desde o incidente, sobre como acabamos nos encontrando durante o programa de correspondências. Mas mesmo que tenha sido um erro, ou não, sou feliz que tenha acontecido"

E aquela era a sua linha de raciocínio, clara e indubitável, ainda que o assustasse a redescoberta da própria sexualidade. O entregou a espingarda, conferindo-lhe a oportunidade de um nova tentativa na disputa de tiro ao alvo. Contente, felicitava-se pelo desejo de Augusto em também manter contato, estabelecendo entre ambos uma relação fraterna, à priori.

"Exceto pelas festas juninas, a maioria das celebrações religiosas lá em casa são bem simples" ainda pensativo, respondeu o questionamento de Schönborn de bom grado, agradecendo mentalmente pela mudança de assunto. "O que acha de passar a virada de ano comigo, uai? Quer dizer, se 'ocê não tiver coisa mior pra fazer, claro" entusiasmado, inquiriu tão logo o palpite cruzou os pensamentos, fitando-o com expectativas. "Meu rancho é muito grande, e 'ocê pode levar quem quiser também" mordicou o lábio inferior, esperançoso.

Se queria que Augusto fizesse parte de sua vida, seria importante mostrar a ele, primeiro, um pouco do lugar onde teria crescido.

Augusto Wolsk Schönborn
Instrutor de Combate
Augusto Wolsk Schönborn
Idade :
20
Localização :
Acampamento Meio-Sangue
Seg Jan 01 2024, 22:19

rollercoaster


Era fácil estar com Terrence, quase como se se conhecessem anos a fio e agora Augusto se perguntava por que nunca tinha se aproximado do rapaz, mas não podia se culpar. A rotina no acampamento podia ser puxada quando se era um dos mais velhos, instrutor de combate e líder de um dos chalés mais lotados do lugar. Entretanto, pensar que podiam ter se conhecido antes gerava um sentimento de urgência, quase como se ele precisasse recuperar um tempo que foi perdido.

— É, parece que você é realmente bom nisso — falou enquanto erguia uma sobrancelha, voltando-se para encarar o rapaz que fazia uma proposta — Eu acho que é uma ótima ideia e eu prometo ser 100% honesto nas minhas respostas — soltou uma risadinha, encarando Terrence com o olhar repleto de malícia, afinal, sabia que as pessoas achavam que ele podia ser um mentiroso por sua origem. Por outro lado, não conseguia conter um sorriso mais terno diante daquilo, estava empolgado com a ideia de conhecer melhor o filho de Deméter, queria saber cada detalhe sobre ele, até mesmo os que pudessem soar insignificantes para os outros.

Por isso, ouviu atentamente enquanto Terry contava sobre sua vida romântica, sem interromper. Acabou descobrindo que ouvi-lo falar era bom, gostava de acompanhar seus trejeitos e achava adorável a forma como ele parecia se perder dentro da própria cabeça. Em nenhum momento interpretou tudo que foi dito como algo superficial, pelo contrário, se sentia curioso para ouvir mais e conhecer todas as camadas do homem ao seu lado. Aquele frio na barriga voltou a aparecer, aquela sensação do desconhecido que Gus geralmente sentia apenas quando estava no campo de batalha. Mas era diferente, dessa vez, o risco e o perigo de uma situação nova parecia valer muito a pena.

A sensação, antes doce, foi se transformando em algo amargo com a menção da ex namorada. Augusto reconheceu o sentimento, tinha sentido a mesma coisa quando descobriu que Lance estava com outra pessoa: ciúmes. A breve lembrança de algo que acontecera anos antes fez com que o peito de Augusto explodisse com a sensação negativa, não esperando que o sentimento o preenchesse daquela forma. Franziu o cenho para si mesmo, podia sentir o rosto esquentando e se pegou pensando se em algum momento teria alguma chance contra uma filha de Afrodite. Convivendo com Francesca quase que dia e noite, sabia que a resposta era não.

Gus estava prestes a se jogar de cabeça nesses pensamentos e esquecer qualquer coisa que pudesse estar acontecendo ali, Terrence tinha namorado muitas garotas afinal, nunca iria olhar para um cara, não é? Entretanto, a próxima sequência de falas fez com que o coração do filho de Hermes errasse uma batida antes de acelerar como um búfalo "Mas isso já não tem importância nenhuma agora". Ele estava flertando? O moreno engoliu em seco, tentando manter a expressão neutra, mas era impossível conter o sorriso enorme que estava se abrindo. Se estivesse interpretando aquilo errado, com certeza a queda seria muito dolorosa.  

Levou alguns segundos para pegar a espingarda que lhe fora estendida, perdido demais em seus próximos pensamentos — Eu sinto muito pelo seu pai, Terry… Os deuses, eles podem ser cruéis… Sei que tem toda a coisa de não interferir, mas sinceramente? Não me importo, é injusto e talvez seja por isso que tantos semideuses… Eles… — Meneou a cabeça em negativa, tentando segurar a própria língua, iria dizer que era por isso que tantos semideuses se revoltavam, mas não queria ser mal interpretado, era um assunto extremamente delicado para sua pessoa. — Como ele está agora? — Encarava as irises castanhas, transmitindo a preocupação genuína que sentia, tinha perdido a mãe e Bryan, seu primo, a mãe e a tia, não queria aquilo para mais ninguém próximo.

— Quanto à sua ex, o chalé de Hermes teria prazer em ensinar uma coisinha ou outra para ela, sabe, nosso estoque de pó de mico é bem grande — deixou uma risada marota escapar, queria abordar aquela parte da maneira mais leve possível, escondendo o ciúme — Ela não tinha esse direito, Terrence, se tem algo que eu posso falar depois de todos esses meses é que você é incrível, para todos os efeitos. — Fez questão de encará-lo com intensidade naquele momento, queria que ele entendesse que estava sendo sincero e que ele era capaz de despertar o misto de sentimentos mais puros e envolventes em alguém, em Augusto. — Você é gentil, atencioso, engraçado e cara, já se olhou no espelho? — A risada saiu um pouco esganiçada devido a forma como estava sendo direto ao mesmo tempo em que não queria criar um climão — Acho que não tem mais nada que alguém poderia querer.

Engoliu em seco mais uma vez, não estava acostumado com aquilo, a ser tão transparente, mas com ele era fácil, era bom — Você conhece a Fran, né? Bom, eu entrei no programa por conta dela basicamente, digamos que levei um pé do meu melhor amigo e ela achou que eu precisava superar. — Remexeu na arma, pensando em toda a coisa com Lance, aquilo parecia muito distante agora — Mas eu não queria, nunca fui muito bom com isso. Ou as pessoas me veem apenas como o cara engraçado que anima as festas ou elas ficam desconfiadas demais para chegar perto e eu não julgo, no geral, elas tem motivo para desconfiar mesmo — sorriu de forma descontraída — O ponto é que a situação com o Lance mexeu comigo, me deixou inseguro e principalmente confuso. Isso nunca tinha acontecido antes, com outro cara, sabe? Ainda mais com o meu melhor amigo, a pessoa que dorme no quarto ao lado… — Encarou os próprios pés, trocando o peso de uma perna para outra. Não achou que fosse contar sobre Lance nesse primeiro momento, só Francesca sabia daquilo, mas havia se tornando algo importante para toda a história.

— E daí eu me inscrevi e te conheci. No início eu achei que seria algo passageiro, mas não foi. Ficava ansioso para receber suas cartas — Soltou uma risada baixa, lembrando-se da sensação, imerso nas próprias lembranças — Estava doido para conhecer melhor aquela pessoa — subiu o olhar pelo filho de Deméter, o desejo estava estampado na própria face naquele momento — Ainda estou.

Deixou escapar antes de posicionar a arma no batente e voltar seu foco para o jogo, deixando a fala no ar de propósito. Mirou por alguns segundos antes de puxar o gatilho, acertando por pouco um dos patinhos, estava distraído demais com o convite que foi feito para um tiro perfeito como o anterior. Tinha escutado direito? Terrence queria passar o ano novo com ele? Tinha certeza que a própria expressão devia estar denunciando o quanto estava empolgado com aquilo.

— É claro! Seria incrível, nunca fui para longe de Nova York — Comentou, o sorriso ia de orelha a orelha. Passar o ano novo conhecendo um pouco mais do mundo de Terry parecia ser tudo que ele precisava naquele momento. — Mas não pretendo levar ninguém, acho que prefiro que seja eu e você. — Estendeu a espingarda para o outro — A minha pergunta agora, garoto do campo… — Encarou o rapaz, pensativo, tinha que aproveitar aquela chance — O que exatamente você quis dizer com “isso já não tem importância nenhuma agora"? — Apesar de ter feito, talvez, uma das perguntas mais importantes para si da noite, o tom era leve e risonho, ainda tomado pela euforia do convite de ano novo.


Terrence McKinney
DEVOTOS DE HERA
Terrence McKinney
Ter Jan 16 2024, 00:25


hurricane
Tendo Augusto acatado as condições do desafio, Terrence cogitou em todas as perguntas que poderia fazê-lo a respeito do histórico de vida pessoal, especialmente sobre os relacionamentos amorosos, com o intuito de descobrir até onde a amizade entre ambos se estendia, e onde investir em algo mais ousado, se possível. Era paciente, sossegado, e o fato de Augusto ainda querer mantê-lo por perto mesmo após toda aquela confusão o bastava, por hora.

“Ah, não se preocupe, cara. Meu paizinho ‘tá bem mior agora” o agradeceu pela preocupação, balançando os ombros para reafirmar que o caso já não tinha tanta importância. “O pior já passou” sentia-se em remanso depois de ter sido ouvido e compreendido. Por muito tempo, Terrence se esforçou para planear os desígnios dos deuses, e o motivo de agirem de modo tão obsoleto. Era bom ter alguém com quem dividir tais frustrações – alguém em comum.

“Como ‘ocê é terrível!” o semideus jogou a cabeça para trás, deixando que uma gargalhada gostosa escapulisse da garganta tão logo ouviu as sugestões de vinganças propostas pelo novaiorquino, divertindo-se com o jeitinho malandro de outrem. “Ela não vale sua energia, acredite. Lauren Summers é uma vaca, e meu erro foi não ter percebido isso antes” e assim encerrou o assunto, fazendo uso de um tom de pilhéria.

Não era do feitio de McKinney falar mal dos outros pelas costas, mesmo que o tivessem machucado. Lauren ainda era uma ferida recente, uma das muitas rachaduras em seu coração partido. Tampouco pretendia aborrecer Augusto trazendo à tona sobre os casos que tivera no passado. Dado o número de envolvimentos amorosos, a última coisa que pretendia era atrair para si a titulação de galinha. Augusto parecia ser um rapaz legal, extrovertido, e super atraente. A opinião dele a seu respeito era importante.

“Ah... se ‘ocê ‘ta dizendo...” enrubescido, perdeu a postura galanteadora mediante os elogios – que ele nunca soube lidar muito bem, tamanha a insegurança com relação à própria aparência. Tossiu, pigarreou e varreu a localidade com os olhos nervosos, buscando por uma distração. O rosto tingido de um vermelho vivo evidenciando o constrangimento.

Os infortúnios da infância, a puberdade conturbada e os atritos nas relações fizeram com que Terry, em algum momento de sua vida, passasse a enxergar a si mesmo como um rapaz abaixo da média quando comparado a outros semideuses da sua idade. Nunca bonito o suficiente, forte o suficiente, ou inteligente o suficiente. Diferente de Augusto que, no seu ponto de vista, era como o sol, moldado para a grandeza – tão lindo, tão confiante, tão audacioso.

Ao mesmo tempo sentia-se contente, eufórico, com o peito quentinho e agitado, porque ele, Augusto, o enxergava de uma maneira diferente, e parecia gostar do que via. Terry o encarou, ostentando o olhar abrasivo de outrem, perdendo-se na imensidão de suas írises acastanhadas – o sorrisinho abobalhado costurado na face.

“Conheço bem por dimais, uai! Temos um passado recheado de atrocidades, Fran e eu. A gente se conheceu quando ainda éramos crianças, mas isso é uma looonga história” abafou um riso melancólico por entre as narinas, ao passo em que recordava das artimanhas aprontadas durante a infância. Às vezes, pegava-se refletindo no quanto o destino costumava pregar peças, tendo colocado em seu caminho pessoas ligadas ao acerco grego mesmo antes de reconhecer a si próprio com semideus.

Enquanto o filho de Hermes o segredava questões vividas, Terry o ouvia atenciosamente, acenando em concordância vez ou outra para aspectos julgados importantes. Contudo, descobrir que Augusto já havia se interessado por outro garoto, despertou sentimentos ambíguos desconhecidos que McKinney demorou a assimilar.

Primeiro, discerniu o prazer frente a existência da possibilidade, mesmo que ínfima, de que pudessem cultivar algo mais profundo do que uma simples amizade. Gostava da aparência de Augusto, era verdade – da forma que os lábios róseos se movimentavam a cada palavra, e de como perpassava a língua entre eles, umedecendo-os.

Gostava do movimento suntuoso dos cílios cheios entorno dos orbes cor-de-terra, do tipo que qualquer garota morreria para ter. Da pele bronzeada, e do perfume que sentia exalando dele quando inspirava o ar. Que gosto teria? O pensamento o ocorreu, de súbito, intrusivo, enquanto o olhar percorria o corpo alheio. Doce, com certeza, sorriu com a resposta emergida do inconsciente, mordiscando o lábio inferior enquanto tornava a se demorar na boca de Augusto, observando-o falar, intensamente, perdendo-se nos entremeios da imaginação.

Ah, e também a voz, suave como o córrego, firme, acompanhada pelo sotaque novaiorquino. Playboyzinho. Terrence sempre teve uma queda pelas garotas da cidade, e agora percebia que pelos garotos também. Será que Augusto era bom de beijo? Aproximou-se, sem perceber, cobrindo um pouco da distância que os mantinham separados. Suspirou quando outros pensamentos inundaram a cabecinha confusa, moldando um cenário onde a voz dele sussurrava-lhe provocações bem baixinho ao pé do ouvido, respiração entrecortada, gemidos à meia luz, suor, pele sobre pele.

O pulso acelerado o trouxe à consciência, da mesma forma que os arrepios dispersaram os pensamentos. Percebeu, tarde demais, a mão grande aparada no ar, próxima ao rosto de Gus, quase afagando a derme. Nervoso, tratou de depositar carícias na curvatura de seu pescoço, abrutalhado, como se enxotasse algum besouro. Não era um bom mentiroso, infelizmente.

Por isso, o segundo sentimento aflorou em demasiado desconforto. Ciúmes. Lance foi o primeiro garoto por quem Augusto se apaixonara. O filho de Hades, senhor dos mortos, uma criança proibida. Terrence o conhecia – Lance. Rapaz boa pinta, bonitão, de família consideravelmente afortunada, e de modos e educação respeitável. Era incapaz de competir contra alguém como ele.

“Se te enxergam apenas como a atração da festa, sinto por eles. O que sabem a seu respeito é como um grão de areia perto do oceano inexplorado que ‘ocê é, Augusto...” a analogia saiu em voz alta por descuido, mas não se ressentiu por fazê-lo. Destinou ao outro um semblante risonho, de olhos semicerrados e covinhas que junto às sardas, enquadravam uma feição de reconforto, juvenil.

“É até engraçado ‘ocê dizer isso agora, porque foi a Francesca quem também incentivou eu a participar do programa, sabia?” coçou a nuca, ponderando a similaridade da ocorrência. Assim como Schönborn, também era muitíssimo grato à filha de Afrodite pelo incentivo. Se não fosse por ela, jamais teriam se aproximado. “Foi mesmo uma das melhores ideias que ela já teve, aliás” e exortando certa camaradagem, propeliu o próprio ombro contra o dele, reforçando as alegações do rapaz acerca do interesse em permanecerem conhecendo um ao outro, o máximo que pudessem.

Porque quanto mais descobria sobre Augusto, mais o desejava. O fruto proibido do paraíso. Estando no lugar de Eva, a serpente não teria qualquer esforço em influenciá-lo – Augusto interpretava bem ambos os papeis, transitando entre a ânsia e a tentação.

“Ótimo! Seremos só eu e ‘ocê, e não faltará espaço para nois dois e em minha fazendinha, isso eu garanto” empolgadíssimo, arquitetava mil e uma atividades de campo, planejando tudo o que poderiam fazer ao ar livre, longe da cidade e dos olhares curiosos, sozinhos à mercê da natureza.

“Vou ensinar ‘ocê a pescar, a tirar leite das vaca... aaah, a Melissa tá prenha, tadinha, acho que é bem capaz dela parir depois do ano novo. Talvez até dê pra ‘ocê me ajudar a fazer o parto” Terrence era o tipo de pessoa que não precisava de muito para ser feliz, contentando-se com pouco, sem ambições. Humilde, encontrava o clímax na simplicidade da vida.

Tomou a espingarda, acoplando a arma rente o ombro, assumindo a postura excêntrica de um pistoleiro saído dos livros de romance do velho oeste. A pergunta conseguinte feita pelo seu affair romântico o teria pego desprevenido, mas não fez rodeios na hora de respondê-lo. Augusto o motivava a ser completamente franco, livre.

“Ora, playboyzinho da cidade grande...” devolveu o apelida na mesma moeda, mantendo no rosto o sorrisinho presunçoso. “Graças a você, percebi que não são só garotas que me atraem” curto e grosso, elevou a armamento e disparou – uma, três, seis vezes – alvejando todos os patinhos restantes na barraquinha. Por fim, aproximou o cano dos lábios e assoprou teatralmente, antes de se voltar para Augusto. “Eu poderia muito bem me envolver com outro cara e não teria o menor problema com isso, sacou?” e desfaleceu o olho esquerdo numa piscadela, cafajeste que só.

A atendente da barra congratulou a ambos pelo desempenho excelente na atividade. Juntos, a somatória de pontos era alta o suficiente para que escolhessem o prêmio que quisessem – pelúcias, no geral, antepostas por todos os lados da tenda, visíveis ao público, e de todos os formatos, cores e tamanhos. Tomando a liberdade, Terry apontou para a pelúcia de um alazão marrom bastante grande, suspenso no alto da montanha de brinquedos.

“Aqui, pra ‘ocê se lembrar que perdeu feio, uh” brincou, entregando ao rapaz o mimo. A verdade é que o fazia de coração aberto, símbolo do momento de intimidade partilhado por ambos. Uma recordação. “Agora, todo esse papo me deixou morrendo de fome. Que tal eu te pagar um lanche para compensar a parte em que eu te passei a perna no jogo e derrubei todos os alvos?” a sugestão, pontuada pelo ronco alto do estômago do texano, pairou pelo ar.

Terrence, ainda, enlaçou o pescoço de Gus com um dos braços, sem esperar pela resposta, o arrastando através da multidão até alguma quermesse de comida. Aquele contato, mesmo que supérfluo, o encheu de fervor, transbordando na forma de uma ereção rija - ainda afetado pela luxúria dos devaneios.

Mas para a sorte de Terry, a noite estava apenas começando.

Augusto Wolsk Schönborn
Instrutor de Combate
Augusto Wolsk Schönborn
Idade :
20
Localização :
Acampamento Meio-Sangue
Qua Jan 31 2024, 15:25

rollercoaster


Terrence McKinney era perigosamente lindo. A forma como os fios escuros caíam sobre os olhos amparados pela touca, o som de sua risada sempre que Augusto soava de forma malandra, o rubor que preenchia as maçãs de seu rosto ao receber elogios. Cada detalhe o tornava único, cada contorno e movimento seu atraía a atenção de Gus, como se o filho de Hermes quisesse registrar cada momento em sua memória, para que não se perdesse. Queria captar seus efeitos sobre ele, o que o fazia rir, o que o fazia se envergonhar, o que o fazia se soltar… Só para que pudesse repetir e receber mais daquilo.

Quando Terry desviou o olhar, claramente envergonhado, o moreno foi tomado pelo desejo súbito de segurar seu rosto, sem querer que a quebra de contato visual tivesse acontecido. Tinha concluído que os olhos amendoados e todas as suas nuances eram uma de suas partes preferidas no outro. No entanto, se contentou em observá-lo, com um sorriso idiota que permanecia em seu rosto.

Naquele momento, quis muito tocá-lo, na verdade, a cada minuto ao lado daquele homem ficava mais óbvio que a troca de cartas foi mais que suficiente para gerar todo um turbilhão de sentimentos. A confusão acerca de quem ele realmente era podia ter parecido demais no início, mas agora era só um detalhe pequeno diante do que vinha crescendo ali. Absorveu o fato de que ele conhecia Francesca desde a infância. Fran, a mesma que namorava seu primo a anos e com quem dividia o teto, aquela que sempre tinha uma carta na manga e era sorrateira demais. Um pensamento invadiu sua cabeça e de repente, aquilo tudo não parecia mais ter sido tão ao acaso assim. Sentia em seu âmago que tinha o dedinho com unhas longas e sempre pintadas de vermelho da filha de Afrodite ali.

Gus foi arrancado dos pensamentos com a aproximação súbita do outro, os olhos o encaravam em dúvida, o nervosismo tomando cada célula de seu corpo e fazendo o coração disparar. Podia sentir o olhar de Terrence sobre si, o queimando como fogo, ou estaria só projetando os próprios desejos? Aquilo era novo demais, uma incógnita ainda. Sentiu os membros enrijecerem com o toque bruto de Terrence na base de seu pescoço e por um milésimo de segundo, pensou que iriam se beijar, antes do outro enxotar o que fosse que estava em sua pele. A prole de Hermes engoliu a seco, sentindo o rubor tomar conta da própria face devido ao pensamento, ao desejo que ficou estampado em seu corpo, marcado, com a mera ideia de beijá-lo.

— Obrigado por dizer isso… — Murmurou após limpar a garganta numa tentativa de se livrar do momento constrangedor de um minuto atrás, agradecendo pelas palavras. Terrence parecia enxergar muito além do que todos os outros, além da carapaça brincalhona e sarcástica. Perto dele, Augusto sentia que era mais do que o filho do deus dos ladrões, se sentia visto, compreendido e mundano. Aquilo era engraçado, levando em conta que a vida de Terry também provinha de uma divindade, no entanto, estar com ele trazia Gus para o centro do seu lado mortal, vulnerável, imprevisível e real. — Você faz eu me sentir visto. — Sussurrou por fim, sustentando o olhar de outrem enquanto era igualmente sincero.

— Isso não me surpreende, é bem o jeitinho dela, preciso me lembrar de agradecê-la quando chegar em casa — soltou uma risada, mas o olhar era totalmente sugestivo. O contato, aparentemente inofensivo, dos ombros provocou mais uma onda de calor pelo corpo de Schönborn, de forma que uma fina camada de suor estava começando a brotar na base de suas costas. Aquilo era loucura, jamais tinha ficado tão mexido com um toque tão breve e sutil, tinha que se controlar ou ia começar a ficar evidente demais.

Deixou que um sorriso bobo tomasse conta dos lábios enquanto ouvia todos os planos para o ano novo. Terrence parecia já ter pensado em tudo e aquilo fez o coração de Gus ficar quentinho. Estava ansioso demais por aqueles dias, queria viver cada um daqueles momentos com ele, apenas os dois, em uma espécie de bolha — Mal posso esperar, acho que tem tudo pra ser um ano novo incrível.

Playboyzinho. Ele não conseguia dizer porquê o fato de Terrence ter o chamado pelo apelido o tinha afetado tanto, podia ser o sorriso cafajeste ou a forma como a palavra soava nos lábios dele, sexy, mas ali estava Gus, prendendo a respiração por um apelido e ouvindo à sequência que viria a seguir, aquela que o faria perder todas as estribeiras. Ele mal se tocou que o outro havia derrubado todos os patinhos, só conseguia encará-lo, ainda descrente. Ele realmente estava flertando.

— Porra… — O palavrão escapuliu de forma que a prole de Deméter com certeza acharia que era pelo seu feito no jogo, mas não. Aquele era só Augusto sem nenhuma estrutura depois de ouvir que ele tinha feito Terrence perceber que se atraía por homens. Podia sentir as palmas das mãos suarem e limpava constantemente nos jeans. Por ele, se beijariam naquele momento. Estava em agonia, queria entrelaçar os dedos nos fios castanhos, sentir o corpo alheio contra o seu, descobrir a forma como ele gostaria de ser beijado e fazê-lo perder o fôlego ao mesmo tempo que o próprio Gus se perdia. Um longo suspiro escapou, acompanhado do calor que desceu por sua pelve, resultando em uma ereção. Era demais.

Começou a desviar o pensamento para monstros, lembrou da vez que lutou contra uma empousai em seu antigo apartamento e da vez que trombou com um cão infernal no acampamento, precisava se acalmar, aquele não parecia ser o momento, ainda. Queria privacidade, não por vergonha, mas porque sabia que Terrence era mais tímido, queria que ele se sentisse à vontade, afinal, era algo novo para ambos. Por isso, reuniu toda sua força de vontade e obrigou seu corpo a esfriar enquanto recebia a pelúcia.

Aquele gesto parecia simples, mas para Augusto era como ter um pedacinho de Terry consigo, um pedacinho daquela noite. — Talvez eu devesse ficar bravo por você ter me passado a perna, não é algo que eu ‘tô acostumado — falou, enquanto erguia as sobrancelhas em um falso gesto de esnobismo, mordendo o lábio inferior para conter uma risada, um dos braços já agarrado ao alazão — Mas se você prometer deixar isso entre nós, quem sabe eu possa ser bonzinho quando te der o troco, McKinney — Aproveitou a posição que estavam, com o braço de Terry sobre seus ombros, para beliscar de leve a cintura alheia. Atreveu-se ainda a deixar o braço ao redor dali, satisfeito com o fato de ser pouquíssimos centímetros mais alto que ele. O contato, mais uma vez, o aqueceu por inteiro, não podia deixar de reparar como se encaixavam bem, como era confortável, certo… Como gostava do peso do braço masculino sobre seu corpo. Parecia que seu próprio braço estava pegando fogo, irradiando para todo seu corpo enquanto roçava o polegar de leve na cintura dele. Entretanto, ao mesmo tempo, aquilo era pouco, queria tocar a pele diretamente, livre de qualquer peça de roupa para poder dedilhar cada extensão do outro, primeiro com os dedos e depois com a boca.

Estava naquele limbo de novo, naquele lugar em que todos os pensamentos o levavam para uma só direção. Passou a língua entre os lábios que estavam secos, tentando voltar os pensamentos para o presente. Um silêncio confortável pairava entre ambos ao alcançarem uma barraquinha de cachorro-quente, era como se os dois estivessem processando tudo aquilo ou só sentindo. Tomou a frente, se desvencilhando dos braços de Terry à contragosto para conseguir chegar antes dele no quiosque — É minha vez de te mimar um pouco — brincou, não querendo que ele gastasse mais naquela noite. Pediu ao atendente dois cachorros-quentes e cerveja para acompanhar, não era de beber muito, mas a ocasião o deixava feliz e aberto.

Sentaram-se em um dos banquinhos espalhados por ali, de frente um para o outro com os lanches e as garrafas de cerveja entre eles enquanto conversavam amenidades. Naquele momento, Gus pensou que podia fazer aquilo muitas vezes, ou melhor, queria o prazer de repetir aquele “encontro”. Será que podia chamar assim? Terrence era uma calmaria que Augusto nem sabia que precisava ao mesmo tempo em que trazia um fervor totalmente diferente para sua vida. Apoiou o cotovelo no encosto do banco enquanto a mão ia para a própria bochecha, ostentando a postura de admiração, realmente adorava observá-lo só sendo ele, espontâneo, falante, tímido e encantador.

— Ela teria gostado de você — Soltou sem pensar muito, mas não fez questão de voltar atrás — A minha mãe… Ela também tinha o espírito livre, gostava de andar descalça e me levava pra tomar banho de chuva nas tardes quentes de verão — Deixou uma risada escapar com a lembrança, se permitindo sentir a saudade, mas não a tristeza profunda pela primeira vez — Nada escapava dela e pensando agora com certeza ela deve ter desconfiado de mim na minha fase obcecado pelo Brad Pitt. — Revelou, balançando a cabeça com um sorriso para si mesmo, pensar naquilo o fez ter certeza que a mãe sabia sobre sua bissexualidade antes dele mesmo e ela o teria apoiado, sempre.

Era bom falar livremente com Terry, sentia que podia conversar sobre tudo, ser idiota ou ser sério, ele prestava atenção na mesma medida. Um brilho avermelhado chamou sua atenção no canto da boca do moreno, o fazendo se inclinar em sua direção — Vem cá — o tom era baixo enquanto levava o polegar à manchinha de ketchup, limpando e em seguida trazendo o dedo aos próprios lábios, o olhar preso nas orbes castanhas. Era um daqueles momentos em que o mundo parecia em câmera lenta e todos os sons cessavam. Estava ficando cada vez mais difícil resistir. — O Pé de Pano quer saber se você não toparia um brinquedo sem riscos de me humilhar, tipo a roda gigante? — Fez graça, fugindo do momento mais uma vez e brincando com a pelúcia, que agora tinha até nome, em seu próprio colo.

Jogaram todo o lixo do lanche fora e seguiram em direção ao brinquedo que piscava nos tons de azul, roxo e rosa, às últimas pessoas da fila pareciam entrar nas cabines, dando uma deixa para Augusto entrelaçar os dedos nos de Terry e correr naquela direção, sem querer perder a vez. — Porque não escolhe um lugar pra gente enquanto pago? — Pediu, mas aquela era só uma fachada para poder sussurrar pro vendedor o pedido carregado de lábia, queria que ele deixasse o compartimento dos dois parada uns minutos no ponto mais alto.

Alcançou Terry na cabine, parecia que todo seu sangue tinha virado gelo e ao mesmo tempo fogo quando o brinquedo começou a andar, estava nervoso pela premissa do que viria. Os braços se encostavam, assim como os joelhos e Gus dava leves empurrões no de McKinney, só para implicar com ele e estar o máximo possível em contato. A paisagem estava especialmente bonita naquela noite, o céu estava limpo, destacando algumas estrelas; as luzes de Nova York davam seu próprio show, como um mar vasto e brilhante; até mesmo o Empire State podia ser visto ao longe, irradiando a luminescência prateada. Era lindo. Quando chegaram ao topo, o vendedor fez o combinado e Augusto observou Terrence animado pelo que enxergava — Acho que a cidade grande pode ter lá seus encantos, hum? — proferiu, a própria expressão transbordando admiração, não pela vista, aquilo estava em segundo plano. Quando Terry voltou seu olhar para ele, levou finalmente a destra até sua nuca.

Os movimentos eram lentos, queria dar tempo de Terrence afastá-lo se não quisesse aquilo e ao mesmo tempo queria saborear o momento, registrar em seu cérebro o calor que emanava dele, a forma como seus lábios encontravam-se entreabertos, totalmente convidativos, o breve roçar dos narizes e o sopro da respiração próxima demais. Os corpos estavam a menos de um centímetro de distância. Os sons do parque, os brinquedos, a brisa gelada que chegou com o cair da noite, tudo, menos Terrence McKinney, desapareceu quando Gus encostou a boca no canto da dele. Os lábios se encontraram em uma doce e lenta colisão, a tensão se esvaindo do corpo do filho de Hermes, dando lugar à satisfação. O calor do seu hálito atingiu até os ossos de Augusto quando se permitiram aprofundar o beijo. Os dedos da nuca subiram um pouco mais, enlaçando os fios castanhos, o puxando para ainda mais perto enquanto a própria língua penetrava em sua boca. Foi impossível conter um gemido acompanhando de um ronco baixo que ecoava no próprio peito, a pressão pesada dos corpos de ambos era alinhada, um encaixe perfeito. Moveu ainda a língua com uma intensidade maior, explorando cada ponto possível em uma dança que era quase cruel de tão gostosa. Estava em chamas, tinha certeza que podia entrar em combustão naquele momento e como uma amostra do desejo que nutria, mordiscou o lábio inferior de Terrence, puxando-o para si, só para retornar ao beijo depois.

Quando se afastou, com os pulmões gritando por ar, depositou uma sequência de selinhos por seus lábios, diminuindo o ritmo aos poucos. A destra permaneceu em seu cabelo enquanto a outra mão desenhava a linha de seu maxilar com o polegar. Sabia que a luxúria estava estampada nos próprios olhos, na forma como seu pulso se encontrava desenfreado e no volume forçando o jeans. — Não sei o que está pensando, mas definitivamente não vai se livrar de mim fácil depois disso. — Apesar da brincadeira, a voz soava rouca e pesada, carregada pelo prazer.

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