Fall Of Olympus
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TRAMA
Quando o universo se formou, não passava de um globo disforme e vazio, não havia a separação entre os quatro elementos, tudo não passava de caos, um extenso poço de vácuo e escuridão. Então, as energias dissipadas pelo cosmo foram se aglomerando até criar uma diferente forma de poder, ainda que de difícil compreensão, chamado de Caos, não apenas verbo ao pé da palavra, mas ainda assim sendo, também um receptáculo de poder ilimitado para fazer e desfazer. Leia mais...
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Ter Jul 21 2020, 21:09


Em busca de Tom & Jerry
23:00 da noite ♢ acampamento ♢Callun Kahnwald -
No chalé de Atena, todos os semideuses olhavam com uma expressão feia para dois beliches que estavam vazios.  Se não fosse por Henrique ter acordado para beber água e notar que dois de seus irmãos não estavam onde deveriam e então acordado todo o chalé, talvez todos só descobrissem o sumiço de seus irmãos no dia seguinte.

Então? Quem eram eles? — Uma semideus com uma expressão sonolenta não pode deixar de perguntar, afinal mesmo que o chalé não fosse enorme, não era como se todos fossem se conhecer ou saber em que lugares cada um se sentava.

Tom e Jerry. — Outro campista respondeu de forma simples e sucinta, antes de explicar quem eram os irmãos.  Tom e Jerry eram irmãos de sangue que haviam chegado no acampamento há pouco menos de um mês, ambos os garotos não estavam muito confortáveis com a vida no acampamento, então não era uma surpresa eles terem fugido.

O problema era que todo o chalé seria responsabilizado pela fuga dos dois semideuses e acima de tudo, o acampamento a noite não era seguro.  Não quando harpias estavam servindo como guardas e alguns monstros eram capazes de vagar pela floresta do acampamento.

 Depois de uma breve discussão, todos haviam decidido que precisavam encontrar ambos os irmãos fujões e os trazerem de volta para o chalé antes que as coisas ficassem feias. Logo Callun foi escolhido como aquele que seria responsável por aquela importante missão e salvaria a todos de um belo sermão de Quíron no dia seguinte.  

leia aqui:
Callun Kahnwald
PROLES DE ATENA
Callun Kahnwald
Idade :
25
Ter Ago 04 2020, 19:28
Em busca de tom & jerry;
A névoa acinzentada invadia o local de tal forma que até mesmo ver um palmo em sua frente parecia ser uma tarefa impossível. O som de suas passadas ecoavam pelo ambiente, que cada vez mais o dava a impressão de que a gravidade era equivalente a uma tonelada de chumbo em seus ombros, isso sem mencionar o líquido espesso e viscoso que passava a alcançá-lo na altura das canelas. A boca se abriu num pedido de ajuda, mas não emitiu som algum. Um pouco mais ao longe conseguia ouvir um gotejar insistente o suficiente para fazê-lo entrar numa espécie de transe, puxando-o para fora da realidade até o momento em que sentiu algo muito similar a uma corda rodear-lhe o pescoço. Contudo, num piscar de olhos o cenário se modificou completamente, e a mesma corda que parecia o sufocar segundos atrás, agora encontrava-se abaixo de seus pés, fazendo-o perder o equilíbrio e cair em looping num espaço completamente escuro, frio e vazio.

Os olhos se abriram abruptamente quando as vozes de seus meio irmãos se misturavam pelo cômodo. Mais um pesadelo pra coleção. constatou em pensamento, usando dos cotovelos para erguer um pouco o corpo, apenas o bastante para conseguir visualizar o que acontecia naquele ponto do chalé. Alguns de seus irmãos estavam sentados na beirada de suas respectivas camas, outros caminhavam de um lado para o outro do corredor, enquanto o restante parecia dormir tranquilamente como se o chalé não estivesse passando por um momento de crise no sentido literal da palavra. — O que aconteceu? — ao julgar pela tensão presente nas faces de todos ali, boa coisa não era. Esfregando os olhos com o canto das palmas das mãos, aos poucos começava a sentir-se menos sonolento até o ponto em que finalmente conseguiu deslizar o corpo para fora do beliche enquanto aguardava alguma resposta.

Foi somente ao se postar que de pé pôde sentir o tecido da regata acinzentada grudar em suas costas devido ao suor, o que o levou a instantaneamente encolher os ombros numa mistura de desconforto e frustração. Por que estava tendo tantos pesadelos? Melhor dizendo, por que estava tendo o mesmo pesadelo tantas vezes? Suspirando profundamente, cruzou os braços em frente ao peitoral, ao passo que as costas se escoraram na estrutura amadeirada de um dos beliches. — Ainda estava dormindo, Callun? — O questionamento de um deles soava mais como uma repreensão do que uma pergunta, e talvez por esse motivo houvesse desviado o olhar para o chão na mesma hora. Parte de si ainda detestava qualquer situação que o colocasse como centro das atenções. — De toda forma, foi o Tom e o Jerry. De novo. — E realmente, não era a primeira vez que ambos se envolviam em algum problema. — Dessa vez eles sumiram, o Henrique me acordou quando não conseguiu os encontrar em canto nenhum do chalé. — Callun, percebendo certo desapreço presente no tom de voz de Owen, quase que imediatamente questionou-se se aqueles dois só estavam cansados de serem vistos como peso morto pelo restante de seus irmãos, e por isso acabaram se mandando dali. Seus irmãos conseguiam ser tão arrogantes quanto qualquer descendente de Zeus. Mesmo assim, sabia que não adiantava nada tirar qualquer conclusão precipitada, vez que os únicos que poderiam lhe conceder uma resposta definitiva eram os dois fugitivos. — Não se passou tanto tempo desde a hora em que todos foram dormir, então não devem ter ido tão longe de toda forma. — seu tom de voz soou casual como de costume ao que finalmente descruzou os braços antes de rumar até uma das cômodas, alcançando ali uma toalha limpa juntamente de uma muda de roupas. — Se vocês quiserem eu posso ir atrás deles, só preciso de um banho antes... acho que deve ser o tempo de vocês decidirem. — E assim deu de ombros.

Após se direcionar ao banheiro do acampamento, ouviu a mesma explosão de vozes distintas logo atrás de si até o momento em que fechou a porta do chalé. — Talvez seja uma boa ideia deixar Callun ir. — o primeiro a se pronunciar foi Henrique, que se mantinha sentado numa das beliches com um olhar despreocupado. — Ele é um dos bons, e até onde sabemos ele tem um ótimo relacionamento com Quíron… Na pior das hipóteses pode ser algo muito útil. — torceu os lábios, apoiando-se sobre os cotovelos. Owen, por sua vez, esfregava o indicador contra a barba áspera, perdido em seus próprios pensamentos. — Mas ao mesmo tempo é arriscado. — De todos os filhos de Atena, talvez fosse o menos dotado de um senso de diplomacia, mas certamente era o mais experiente entre todos os presentes. — Não podemos esquecer que está de madrugada, e nem sempre podemos contar com a sorte de que as Harpias não estejam zanzando por aí. E também, é de conhecimento geral que Callun tem uma grande mania de levar as coisas ao extremo. — Tais argumentos fizeram com que o chalé 6 dividisse opiniões sobre o envolvimento do semideus naquela tarefa, pelo menos até o momento em que o próprio retornou ao cômodo cerca de uns quinze minutos depois.

— E então? — tinha o olhar dividido entre os irmãos e seu par de tênis que não demorou muito a calçar após fazer o mesmo com as meias. — Certo… — o mais velho limpou a garganta, caminhando na direção daquele que já estava de pé, fixando uma espécie de braçadeira que recobria metade de seu antebraço direito. — Nós vamos te poupar de ter que agir sem o nosso consentimento ou listar milhares de motivos que nos leve a escolher você como voluntário, então sim... vá atrás dos dois, Callun. — Disse em meio a um mover de cabeça, assentindo aos próprios dizeres. E foi então quando todos os que ainda estavam acordados passaram a traçar uma rota de busca extremamente eficaz, discutindo diversas teorias acerca da fuga dos dois irmãos. Quando tudo se tornou claro para todos, principalmente para o responsável pelo resgate, finalmente tomou em mãos uma moeda consideravelmente grande e a direcionou ao bolso de sua bermuda, já se precipitando à entrada do chalé. — Boa sorte, Call. — disse uma de suas irmãs, pouco antes de vê-lo desaparecer de seu campo de visão.

De acordo com todo o levantamento feito por Callun e o restante de seus irmãos, possivelmente Tom e Jerry não conseguiriam chegar na fronteira do acampamento tão rápido, o que se dava inclusive por não conhecerem o território tão bem quanto imaginavam, além dos obstáculos que poderiam encontrar no caminho. Felizmente, todas essas informações já acabavam com muitas das possibilidades daquela fuga ser bem sucedida, embora pessoalmente ainda não estivesse tão convencido disso. De toda forma, após retirar a moeda de seu bolso em meio a passos que o levariam rumo ao pavilhão do refeitório, a impulsionou para cima com o auxílio do polegar, e logo após vê-la completar o primeiro giro, um brilho característico se fez presente por alguns de segundos até que uma alabarda se materializasse em seu lugar. A haste de um metro e oitenta fazia com que a arma fosse quase maior do que seu próprio corpo, o que não a deixava menos confortável de ser manuseada. — Espero não precisar usar você. — muito embora estivesse ciente que naquele horário, sair ileso seria praticamente um milagre. A lâmina curvada presente na extremidade superior por vezes refletia a luz da lua, de modo a iluminar partes do curto percurso que fazia, ainda que no fim das contas tivesse a impressão de que tudo estava muito mais escuro do que deveria estar.

O problema é que tudo aconteceu rápido demais, e aconteceu exatamente na região de seu ponto cego. A face se retorceu brevemente em claro sinal de desconforto no momento em que sentiu um par de garras se prenderem em seus ombros como verdadeiros anzóis. — De onde?! — movendo-se da maneira mais rápida que pôde após ser pego de surpresa por sabe-se lá o que, manuseou a alabarda de tal forma que em meio a um simples girar, o mesmo brilho de minutos atrás a transformara numa corrente cuja uma das pontas extremidades era formada por um cravo de bronze maciço. Sem se preocupar com o impacto que a corrente faria em suas costas, jogou-a para trás com a finalidade de enlaçar a criatura que se mantinha presa em seus ombros. Assim que a capturou, puxou as correntes até que a arrancasse de seus ombros, gerando impulso o suficiente para arremessá-la poucos metros de onde estava. — Parece que você também não gosta muito de ser pega de surpresa. — A cabeça pendeu para o lado, visualizando a harpia erguendo-se trêmula do chão. Talvez o puxão da corrente houvesse danificado suas asas de alguma forma.

Manteve o olhar fixo naquela criatura até que um zumbido próximo de seu ouvido o deixou em estado de alerta novamente. É isso que ganhava por estar fora do chalé num horário como aquele. Inclinou o corpo para trás numa tentativa falha de desviar do ataque de outra Harpia, que conseguiu arranhá-lo na bochecha direita logo após o rasante. Praguejando em grego antigo, o filho de Atena chacoalhou a cabeça ao que o braço destro passou a impulsionar a corrente, de forma a girá-la horizontalmente acima de sua cabeça. Muito embora não soubesse manuseá-la com maestria, julgava que até o mais simples dos movimentos viria a calhar contra criaturas guiadas apenas por instinto. As orbes azuladas corriam de uma harpia para outra, tratando de analisar qualquer mínimo movimento por parte de suas adversárias. Inspirando profundamente, permitiu que as mãos soltassem consideravelmente a corrente até que a própria força centrífuga aumentasse o diâmetro do giro, de maneira que o cravo de bronze fosse direcionado a uma das harpias pela própria ação da gravidade, conseguindo atingi-la em cheio na lateral do tronco.

Era impossível não escutar o gralhar infernal da harpia recém atingida, que voltou a se movimentar enfurecida em sua direção. Eis ali o único problema ao lidar com correntes: retomar toda a aceleração necessária para desferir um golpe eficiente demandava esforço e tempo, e tempo era algo definitivamente difícil de se ter com uma criatura animalesca voando em sua direção. Dessa vez, a destra aplicou força o suficiente para girar a corrente verticalmente o mais rente possível de seu corpo, utilizando do cotovelo para diminuir seu diâmetro, e assim conseguir ainda mais tensão no fio. É tudo questão de timing… É só ficar calmo., raciocinou. Girando sobre os calcanhares, se colocou de costas para a harpia e apenas esperou o momento certo para que estivessem separados pela distância perfeita. Somente então, usou da mão livre como auxílio para travar o giro da corrente, manobrando-a no sentido oposto do que estava antes. O resultado era claro: após interceptar o giro, fazendo-a então movimentar-se no sentido oposto, conseguiu atingir a harpia na altura do queixo num movimento ascendente e forte o suficiente para vê-la se desfazer em pó quase que instantâneamente com o impacto do cravo.

Naquela altura encontrava-se ligeiramente ofegante graças ao esforço repentino, e por isso foi presenteado com mais um arranhão da harpia sobrevivente, que finalmente havia recuperado as forças. Diferentemente da outra, ainda parecia estar machucada pelas correntes, dando-o a impressão de que o combate poderia se tornar infinitamente mais fácil. E estava completamente enganado. A camiseta alaranjada não demorou a ser rasgada na altura do peitoral mais uma vez após um erro de cálculo do semideus, que o fez resmungar algo incompreensível até mesmo para si após perceber que o cravo tinha se movimentado no sentido oposto do que gostaria, deixando-o completamente exposto para receber o golpe. É por isso que você tem que errar nos treinos, não em situações como essa. Repreendia-se em meio a outros pensamentos que inundavam-lhe a cabeça, jogando o corpo na direção do solo num rolamento quando percebeu mais uma investida da humanóide alada.

— Dessa vez você não escapa. Não mesmo. — Direcionou tais dizeres a ela, recebendo um gralhar desafinado como resposta. Pela segunda vez, passou a girar a corrente sobre a cabeça na horizontal, esperando qualquer movimentação falha da harpia. O corpo foi inclinado para trás, desviando por pouco de mais um golpe que visava acertar-lhe o rosto. Naquele momento, um estalo em sua mente o fez parar o movimento da corrente em súbito, permitindo assim que a criatura o jogasse no chão e se posicionasse bem acima de seu corpo caído. Ele sabia que num jogo de xadrez algumas peças sempre precisariam ser sacrificadas, e nesse caso seu ombro esquerdo era a tal peça. Esperou que ela fincasse as garras em seu ombro, e assim que o fez, enrolou a corrente em seu pescoço. — Xeque mate. — o esforço que fazia ao apertar a corrente no pescoço da harpia era nítido através do tom de voz espremido. O loiro rosnou devido a dor, tanto nas palmas de sua mão como no recém adquirido ferimento no ombro. Tal rosnar não tardou em se tornar um urro no mesmo instante em que sentiu o peso sobre seu corpo desaparecer junto daquela que também se foi em pó. Quem diria que asfixiar algo seria tão exaustivo.

— Harpias... sempre as harpias. — Resmungou, desta vez se certificando de que não seria pego desprevenido novamente. A corrente logo voltou a tornar o medalhão, e Callun enfim conseguiu prosseguir com sua busca. A única coisa que conseguia escutar era o som de seus próprios passos enquanto vasculhava o pavilhão, uma das mãos não hesitando em movimentar-se pela nuca, numa tentativa falha de aliviar a tensão que sentia perante tamanha responsabilidade em suas costas. Muito bem, pra onde eu iria se fosse aqueles dois?, questionava-se mesmo após verificar todos os possíveis cantos em que poderiam estar escondidos ali. De acordo com o caminho lógico que ele e o restante de seus irmãos tomaram, a possível rota dos dois seria o próprio pavilhão onde já os estava procurado, vez que ambos poderiam ter a ideia de conseguir um pouco de comida antes da fuga, ou o arsenal do acampamento por quase que o mesmo motivo: pegar equipamentos emprestados antes de partirem. Aquilo soava tão irresponsável que era impossível para o loiro não acabar suspirando em descrença.

O trajeto até o galpão que servia de abrigo para boa parte dos equipamentos do acampamento certamente havia sido muito mais tranquilo, principalmente por não ter dado o azar de encontrar qualquer outra harpia rondando pela região. Com muito cuidado abriu a porta, que após emitir um ligeiro rangido, logo permitiu sua entrada, e ali pôde se deparar com o absoluto silêncio. — E como já era de se esperar, não tem ninguém por aqui também. — Sua preocupação com os outros dois apenas crescia, e tudo aquilo que discutiu em seu chalé se provou falho. Não admitia falhas, não quando as vidas de seus irmãos mais novos estavam em risco. Pela primeira vez aproveitou o tempo que lhe restava para checar o saldo da batalha de momentos atrás, agradecendo aos deuses pelos recém adquiridos ferimentos não serem nada graves apesar da ardência constante. Que voltasse para suas teorias, então. — O pior é que nada faz o mínimo sentido. Não há qualquer condição de terem sido tão rápidos, e também não há nem traços de que se meteram em algo ruim. Nada faz sentido nessa história toda. — Caminhava de um ponto a outro do recinto, por vezes estalando os dedos atrás de qualquer insight. — A menos que eles não quisessem fugir. — E se fosse o caso, o cenário se modificaria drasticamente.

Estava prestes a refazer seu caminho de volta ao chalé quando, por uma última vez, vasculhou uma fileira de suportes de espadas bem próximas da porta. Somente então percebeu algo que não havia percebido antes: das espadas expostas, faltavam exatamente duas de numerações menores. — Muita coincidência. — E se tinha algo em que Callun não acreditava, com certeza era em coincidências. Revirando os olhos diante da antecipação dos fatos, não hesitou em praticamente correr rumo a floresta. Não sabia dizer com certeza o motivo que os levou até aquele ponto do acampamento por vontade própria no meio da madrugada, mas sentia que suas chances de encontrá-los ali eram muito maiores do que se adotasse qualquer outra linha de raciocínio. Terminou por adotar a margem do riacho como ponto de partida pelo simples motivo de que, pelo menos naquele perímetro, a floresta não era tão densa; o que não significava que tornaria a busca mais fácil. Talvez fosse o contrário, pelo menos ao julgar pelo sentimento constante de que estava próximo de uma presença indesejada.

Seguindo reto de onde estava, cerca de 30 metros de distância floresta adentro, podia ver com clareza uma bandana vermelha presa num dos galhos de uma das árvores. — Jerry. — Já o tinha visto com a mesma bandana amarrada no pulso algumas vezes. — Ninguém deixa um amuleto da sorte pra trás. — ou pelo menos não propositalmente, e ao julgar pela forma como a bandana estava presa ali, muito provavelmente havia sido um ato desesperado de aviso. Não pensou duas vezes em se dirigir até o lugar, puxando-a de onde estava para guardá-la em seu bolso.

O farfalhar das folhas em contato com a brisa noturna por vezes o fazia se arrepiar, como se algo estivesse pronto para pegá-lo desprevenido assim que saísse das sombras. A sorte é que dessa vez, a tal criatura era grande demais para passar despercebida de seu campo de visão. Uma formiga facilmente maior que qualquer cachorro de porte grande saltou em sua direção, contudo, havia se dado conta de sua presença com tempo suficiente para rolar o no sentido oposto do dela. — Que tipo de barulho horroroso é esse? — Ela já investia em sua direção novamente, dessa vez tentando desferir uma mordida em qualquer lugar que as pinças alcançassem. O semideus por pouco não conseguiu esquivar-se, dando duas largas passadas para trás. Lento demais. suspirou perante a auto análise, tirando o medalhão do bolso num giro como fizera anteriormente, seu corpo já adaptando-se a uma nova postura assim que a alabarda se materializou em suas mãos. A girou numa diagonal, mantendo a guarda alta de modo a se proteger de uma possível terceira investida da myrmeko. A alabarda poderia garantir sua defesa em praticamente todos os ataques diretos, mas não da gosma ácida que foi expelida em sua direção, atingindo-lhe em cheio em boa parte da perna esquerda.

O filho de Atena arfou em dor, afastando as pernas antes de tentar alcançar a junta de uma das patas num rasgo de cima para baixo com a lâmina curvada da arma. Sabia que a carcaça da criatura funcionava exatamente como uma armadura: blindada em determinados pontos, mas inexistentes das juntas para facilitar sua locomoção.

De fato ela se moveu, e ele errou o golpe por pouco.

Novamente tentou uma mordida com as grandes pinças, errando o semideus de tal forma que, sem nenhum esforço, partiu num tronco seco que existia logo atrás do rapaz. Callun, por sua vez, aproveitou-se do tempo ganho para acertar dois cortes nas juntas das duas patas traseiras do inseto. Ainda que não houvesse obtido força o suficiente em seus ataques, apenas o fato de retardar parte de sua movimentação já era um grande avanço. Rolou o corpo para a direita assim que percebeu que a myrmeko borrifaria a mesma gosma novamente, observando de relance algumas folhas secas se dissolverem com o contato. Muito embora ainda estivesse com um dos joelhos apoiados no chão, realizou um corte de baixo para cima, acertando em cheio uma das patas dianteiras do bicho, que expôs ainda mais a lateral do corpo quando o membro fraquejou. — É agora ou agora. — Assim como não aceitava erros, também não aceitava o nunca. Girando não apenas a haste da alabarda como também o próprio corpo ao postar-se de pé, usou do próprio impulso para decapitar a formiga num corte vertical exatamente no ponto de junção entre a cabeça e o tronco.

Mais um explosão em pó.

Meio cambaleante, tirou um colar dourado do chão ao mesmo tempo em que o cenho se franziu. — E isso com certeza é do Tom. — Tomou a liberdade de colocá-lo no bolso antes de seguir o rastro deixado pela myrmeko. Onde quer que estivessem, estavam perto.

Andou por mais algumas centenas de metros, algumas vezes modificando o trajeto ao se deparar com enormes raízes no meio do caminho, até os encontrar. Estavam ambos encolhidos próximos a um tronco, as expressões de terror estampadas nas faces joviais levando Callun a se questionar a razão de estarem tão assustados. A dupla de espadas seguradas uma por cada um tremiam, e quando o mais velho inclinou o corpo para fora do arbusto em busca de respostas, não demorou muito para encontrar a origem do problema: um ciclope. Isso sim vai ser chato. naquele momento, já se esgueirava por entre as árvores até que estivesse mais perto dos outros dois. Estava cansado e fraco demais para mais um combate, e evitaria a todo custo.

— Tom, Jerry, quando eu falar, vocês correm pro acampamento. Sem perguntas, não temos tempo. — Ignorando o susto de seus irmãos ao encontrá-lo ali, rolou para fora de onde estava, postando-se de pé ao se ver frente a frente com o ciclope. Era enorme, e estava nitidamente irritado. Mais um brilho dourado e a alabarda tornou-se uma corrente, mas diferente da última vez em que fora usada, ambas as extremidades eram compostas por cravos de bronze. A braçadeira que jazia em seu braço direito emitiu um brilho prateado quando duas hastes revelaram a besta de pulso, e sem nenhum aviso prévio, mais um filete de luz prateada foi disparado da mesma, viajando até o ciclope como um projétil que explodiu bem diante de seu único olho, atordoando-o por tempo suficiente para que o filho de Atena arremessasse a corrente na direção dos pés do adversário. — Vão! — Gritou para os irmãos assim que viu o monstro tombar para frente como um verdadeiro saco de batatas, vez que o peso dos cravos foi mais do que o suficiente para desequilibra-lo.

Os escoltou até que estivem em segurança do lado de fora da floresta, apoiando-se nos joelhos em busca de fôlego. — Os dois. Pro chalé. Agora. — dizia entre as grandes tomadas de ar, checando o bolso da bermuda em busca de seu medalhão. Ainda bem que você sempre volta. E ainda bem que já estavam longe o bastante do ciclope. Sem nenhuma resistência por parte dos recém resgatados, os três não demoraram a encontrar a figura de Owen parado no gradil do chalé de Atena com os braços cruzados em frente ao peitoral. Callun foi o último a subir os degraus, recostando-se no batente da porta após receber as devidas congratulações do mais velho. — Um minuto pra explicarem essa tentativa de fuga. — De soslaio era capaz de perceber Tom e Jerry encolherem os ombros e o pescoço como verdadeiras tartarugas diante da intimação. Jerry foi o primeiro a falar. — Não queríamos fugir, só queríamos provar que somos um de vocês. — dessa vez, Tom foi o que deu um passo à frente, igualando-se ao outro. — Por isso fomos até a floresta procurar algum monstro, mas tivemos um problema com o ciclope… Esperávamos encontrar algo mais fraco. — sua voz era quase que inaudível.

Callun observava tudo sem mover um músculo, isso até erguer a sobrancelha diante da imagem de Owen, que cerrara os punhos ao ponto em que as veias das mãos tornaram-se ligeiramente saltadas. Não tinha mesmo nenhuma paciência. Ignorando o ardor na perna e até mesmo a tontura cada vez mais intensa, tocou o ombro do irmão mais velho num pedido mudo para que deixasse o sermão para outra hora; estavam todos cansados — Vou avisar ao resto que tudo deu certo. — e atravessou a porta de entrada. — Entendo vocês. — ofereceu-lhes um sorriso cúmplice e deveras acolhedor, finalmente tirando o colar do bolso juntamente da bandana. — Sei que o processo de aceitação é difícil, assim como o de adaptação. Já fui um de vocês. — teve de respirar fundo para não perder o equilíbrio, buscando o gradil da varanda como ponto de apoio. O constante som de zumbido em sua cabeça o dava náuseas. — Mas não é a floresta que vai oferecer um caminho mais fácil pra vocês dois, na verdade não existe caminho fácil. Não é uma realidade fácil. — precisava ir para a enfermaria o mais rápido possível. — Se querem se provar, façam isso treinando. Fugir não vai resolver nada, muito menos ir até a floresta de madrugada caçar monstros... Se tornem mais habilidosos primeiro. Dispensados. — novamente sorriu, piscando na direção dos dois que assentiram, silenciosos e tímidos. Deixaria o resto com os irmãos, era hora de desabar numa das macas da enfermaria. De novo.

informações:
(C) ROSS
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