Apesar de não parecer, Phillip tinha uma plano: terminar a sua bebida e dar uma volta para ver se encontrava alguém conhecido por aí, mesmo não tendo se enturmado muito com o pessoal do acampamento, tinha resenhado com algumas pessoas por aí desde que chegou, a festa era o momento certo para fazer alguns amigos. Momento que demorou a chegar, pois o animal só percebeu que o copo se enchia sozinho depois da quinta virada de copo. - Aaaaaa essa porra enche sozinho, é verdade hahaha... Da hora. - Disse saindo do seu cantinho com a expressão do Ronaldinho Gaúcho na entrevista do dia das mulheres. (https://www.youtube.com/watch?v=wut72fCIL9I).

Phill começou a andar pelo recinto a procura de um rosto conhecido. A primeira pessoa que veio a sua mente era seu irmão Bob, um dos únicos que ele tinha alguma afinidade em seu chalé, mas parecia que ele estava escondido, pois não tinha nem rastro do corno na festa. - Cadê esse corno, não é possível. - Já desistindo de procurar, viu dois seres em um dos cantos da festa, aparentemente estavam falando sobre algo muito sério e importante. O de cabelos pretos parecia estar explicando alguma coisa bem inteligente e de grande valor cultural ao outro rapaz loiro ao seu lado, pareciam bem cultos.

- Esses caras não me são estranhos... - Encarou por alguns segundos tentando lembrar de onde os viu antes, fazendo sua famosa cara de chupando limão quando tenta lembrar de alguma coisa. - Ata porra, é verdade... - Não demorou muito (demorou muito) para ele lembrar que já viu eles algumas vezes pelo seu chalé para falar com o Bobão, eles sempre estavam se cagando de rir, devem ser amigos.

- Oou, sem querer interromper, mas vocês conhecem o Bob né ? Viram ele por aí ? O baitola é meu irmão. - Os perguntou enquanto voltava a beber, no seu canudinho.

Explodiu numa bela gargalhada após a resposta de Hunter à sua provocação, e não apenas isso, acabou indo junto na brincadeira ao fingir espanto quando a boca abriu num grande “o”, ainda que na sequência já estivesse sorrindo novamente. — Mas falando sério, daqui a pouco cê tá melhor que a equipe técnica do Travis Scott com o show de pirotecnia. É só não cair do palco. — Piscou, finalmente levando o cigarro até a boca. E um belo foda-se pro ambiente fechado e os não fumantes, não tinha visto nenhuma placa de proibido fumar, e mesmo se tivesse visto não faria nenhum esforço para ignorá-la. Até porque se todo mundo respeitasse placas, muita coisa bizarra deixaria de acontecer no mundo. Ainda tinha o cigarro entre os lábios quando ouviu Hunter informar novamente que seu grande nem tão grande assim amigo, Bob, um filho de Hefesto, estava recebendo um belíssimo peixe-bola-gato em espaço público. Sua expressão não poderia ser outra: o cenho franzido, a boca entreaberta como a de um peixe morto a medida em que pensava um grande quais as possibilidades de uma merda dessas acontecer? A única coisa que conseguiu verbalizar diante da rinha que seus dois últimos neurônios faziam no momento era — Onde? — finalmente torceu os lábios, voltando a encarar com extrema concentração qualquer ponto aleatório da tenda. Era tão distraído por natureza que em sua cabeça não parecia existir nada além de fenos embolados rolando de um canto a outro com a trilha sonora típica de elevador.

Se manteve alheio a absolutamente tudo que acontecia até o momento em que uma terceira voz o trouxe para a realidade novamente. Como o belíssimo ser extrovertido que era, não demorou a reconhecê-lo, o problema é que não lembrava muito bem de onde. Dava mais uma tragada em seu cigarro, que havia esquecido na canhota durante todo o tempo de dissociação, soltando o ar pelas narinas e se arrependendo no instante seguinte ao passo em que ouvia o que o recém chegado tinha a dizer. — Nem fodendo. — E novamente a boca se entreabriu, incrédulo do que estava acontecendo. O olhar rapidamente correu até Hunter, que assim como ele, parecia travar uma luta interna para que não se desfizesse em gargalhadas ali mesmo. — Puta merda você é irmão do Bob. Isso é... — magnifico! completou a frase em pensamento, de modo a que o olhar estivesse agora dividido nos dois meio-sangues que estavam ali, fingindo uma tosse na tentativa de disfarçar uma risada. Que Hunter ficasse com a honra de explicar ao filho de Hefesto o paradeiro de seu irmão.

Phillip estava pronto para engolir a bebida em sua boca, ainda com o canudo em seus lábios, com seu biquinho, prestando atenção no que os rapazes ali iam lhe dizer, com seu olhar inocente, quase como uma criança vendo um brinquedo na vitrine tomando seu guaravita. Esperava uma resposta normal do tipo "estava pra lá" ou "vi ele ali na mesa de bebidas", mas não, o que estava por vir não estava escrito, na real estava. Está, no caso. "Tão. Chupando. O. Pau. Do. Bob". Sensacional, incrível, fenomenal, maravilhoso, estupendo, primordial, incomparável, épico, revolucionário, supimpa, degradê.

A cena na mente dele estava acontecendo totalmente em câmera lenta, a cada pausa e gesto do rapaz explicando o ocorrido, Phillip balançava sua cabeça junto aos movimentos e soltava um "uhum" a cada pausa da frase, até o momento em que chegou no "Pau. Do. Bob." - Nem fodendo que tão dando uma sugada no pau do Bob !! - O rapaz branquelo já estava todo vermelho de tanto rir, a bebida em sua boca já tinha ido pelo buraco errado, não sabia se tossia ou se acabava de rir, ele nunca tinha rido tanto desde que chegou ao acampamento. - Orra, quem perdoa é Deus - Já não aguentava mais, a barriga já estava com câimbras, as lágrimas já estavam escorrendo por todo seu rosto, só o que restava a fazer era responder com um joinha. Exatamente assim

'Cause darling,

A possibilidade de não ser reconhecida pelo rapaz sequer passou por sua cabeça, entretanto, sentiu uma satisfação inexplicável ao vê-lo ser tão preciso ao citar a memória da noite em que se conheceram. E, mesmo que não fosse uma recordação benévola para ela, Maxine balançou a cabeça, fazendo as pontas dos fios ruivos se agitarem. E seu sorriso se alargou um pouco mais. — Isso, anfiteatro. É realmente difícil esquecer que você praticamente fugiu de mim, me deixando sem uma resposta para a minha cantada de ótima qualidade. —

Se lembrava perfeitamente de como Ansel estava naquela noite; em um canto tal como agora, como se ser o centro das atenções não fosse uma opção viável. E de como de nada adiantou para evitar alguém como Maxine, cujos olhos nunca deixavam escapar nem um detalhezinho sequer. No anfiteatro, há muitas e muitas noites atrás, a ruiva se aproximou com a mesma determinação e intensidade, sentindo um anseio quase parecido de tê-lo, embora Ansel tivesse sido muito menos receptivo.

Se pudesse descrevê-lo naquela noite, diria que ele estava adoravelmente nervoso, ainda que fosse bom em não deixar transparecer — não que fosse possível esconder esse tipo de coisa da semideusa. Mas, nem tudo era sobre o rapaz, e Maxine também se recordava que, na verdade, sua cantada não tinha sido tão boa assim, bem como da confusão quando, num piscar de olhos, Ansel simplesmente sumiu; escapuliu de sua visão, fazendo com que ela passasse o resto da noite praguejando contra a velocidade dos filhos de Hermes. Era bom saber que, agora, naquele instante, sentia muito pouco Ansel fujão nele.

Apesar de que fosse um pouco tentador utilizar a fita que ornamentava sua cintura para prendê-lo.

Como se tivesse lido parte de seus últimos pensamentos, o rapaz se inclinou em sua direção e cochichou sobre seguir todas as fitas. A presença de Ansel, agora insuportavelmente próxima, era como uma lufada de ar fresco em um ambiente fechado e, sua voz fazia cócegas na pele da orelha de Maxine. Ela permaneceu quieta durante alguns segundos, apenas ouvindo-o, mas, antes que ele pudesse, de fato, enlaçar sua cintura, deu dois passos para trás, evitando deixar que a mão masculina alcançasse seu corpo.

Um risinho perverso emoldurou seus lábios. — Poder, você pode... — Um terceiro passo foi dado para mais longe de Ansel, embora, dessa vez, a finalidade não tivesse sido se afastar dele, mas se aproximar de um de seus irmãos, que carregava mais uma porção de copos encantados em direção à entrada. O parou e pegou um daqueles objetos, já que o seu estava muito longe e, definitivamente, ela não queria que a distância entre ela e o semideus de Hermes aumentasse demais.

— … Mas essa fita vai dar um pouco mais de trabalho. — Deu um gole no líquido púrpura de seu corpo; era vinho, forte e denso como se tivesse sido preparado pelas mãos do deus pelo qual era conhecido. Ao terminar, passou a língua sobre os lábios; um gesto que era menos sobre tirar o excesso da bebida e mais sobre insinuar-se. — Reparação histórica. — Brincou, dando mais um passo para trás e, dessa vez, incitando com as mãos para que ele a acompanhasse.